FELIZ DIA DOS FINADOS


         
   Após mais de um quarto de século sem a pessoa de maior expressão na minha formação de personalidade e, portanto ela que mesmo ausente mostrou-me  a luz da vida, poe esta percebi que bom que teve que me deixar tão só. Sem isso não poderia fortalecer-me como pessoa e, sem essa ausência não poderia alimentar minha autonomia.
            Alegro-me em saber que estou com grandes possibilidades de ser mais feliz (que ela) nas minhas aquisições a partir da falta dela. Provavelmente ela me protegeria por sempre me achar filho, e assim possivelmente cortaria minhas asas da liberdade.
            Acho que não agradeci ao imponderável por a tê-la tirada de mim. Creio que pouco curtir a morte dela. Pouco tinha evoluído que seu falecimento era para sua felicidade e, é claro para minha.
            Hoje percebo o que ainda não tinha aprendido para vida e o que me falta para melhor viver preciso descobrir sozinho. Não é um louvor a solidão, ou masoquismo, encontrar felicidade em tamanha perda. Na realidade é saber que ela me colocou na vida para viver e não me limitar a vida. Pois sendo a morte parte integrante dela o maior prazer da vida deve ser a morte.
            Dir-se-á então que é covardia da fuga em rejeitar a vida e correr aos braços do imponderável da morte seja um forma medíocre de ver a vida. Desculpe-me se lhe confundo, pois creio que vivo tão bem que me dou o luxo de não temo morrer. Conseguir tantos lucros que não sei que os mereço. Mas na realidade, o que tenho ainda melhor a de ser, se imponderável permitir que continue vivendo.
            Pense comigo. Uma pessoa que há quase três décadas não depende de ninguém, que tenta agir tão correto com as pessoas que o circunda que não teme passar necessidades e assim não precisa mentir, nem ao seu chefe. Claro dirás, mas é dependente do chefe. Felizmente posso lhe negar isso também, sou escravo apenas, no meu trabalho de minha dedicação a ele. Principalmente por que sei o que devo proceder com minhas atribuições e quando não sei, sou suficientemente capaz de perguntar e capacitar (...).
            Essa coerência de não temer perdas e tentar lidar melhor com elas foi a perda mais desestabilizante da minha vida, que nessa perda no início não entendi, sempre  quis tê-la como um pesadelo. Andei vagando por muito com uma folha seca sem destino. Ancorei por muito tempo como uma pedra morta circundado de vida que não sentia ou a não queria viver. Passei bom tempo caindo em penhasco escuro há muito sem vida. Até quando voltei a uma pequena rampa em frente a casa de  minha avó materna, onde minha perda primária e única me ajudava a subir com o carrinho de picolé ( meu primeiro trabalho), a encontrei em sua alegria de vida e nunca morta, ou seja, ao me ajudar a ser dono de meus lucros ela me introduziu a liberdade. Nesse primeiro trabalho eu me divertia, e até hoje, ainda é no trabalho que mais gozo a vida. Apesar de atualmente está evoluindo a outras belezas.
Foi um sonho e não um pesadelo ela mesmo com tão pouco tempo que me agraciou com sua presença física, o tempo suficiente para afirmar que nunca estaria ausente de minha vida, pois está estampada em tudo que atuo na vida. Ela me esnsinou na sua ausência a sua presença. Sua paz e alegria e desejo pela vida. Ela viveu um ano a menos que eu.
Pensei que não merecia viver mais que ela. Mas ai está, eu apenas vivo um dia de cada vez tão profundo que quando deito morro. E ressuscito no dia seguinte.
Portanto por que lamentar o que posso perder se não perdi ainda, eu a ganhei mais profundamente, ou que eu perco na realidade sempre posso (re) alcançar coisa melhor. Principalmente por que nada me pertence e o que não dá mais para mim é para minha melhora, nada me acontece sem que eu perceba que se processa.
Podes pensar que é meio profético ou coisa que valha. Na realidade é um exercício natural às pessoas que são sinceras, por mais dolorido que seja ser verdadeira e coerente você percebe o que não é mais seu.
Por isso agradeço a pela morte de minha mãe e sei que ela está feliz pelo filho que ela precisamente formou. Principalmente por que ele não está pronto, e sim está sempre se desenvolvendo, desejando mais e mais a vida, sendo que não vive sem viver intensamente e portanto feliz graças a suas perdas equiparadas a elas às conquistas.
             

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