DA RESSUREIÇÃO

Quem realmente passou, passa por um processo real de psicánálise, no qual a presença do paciente é inteiramente ativa, confrontou-se ou confrontará com sua morte psíquica, nisso uma apatia afetiva, social e/ou moral e ainda uma sensação de solidão da qual nunca se pensava necessária, tanto quanto viver esse processo.
Necessariamente é uma morte indispensável, pois creio a partir da minha análise pessoal, que por isso pode ser passível de ser uma citação errônea, porém pode de alguma maneira contribuir. Mas o que quero expressar é que possivelmente todos chegarão ao confrontamento de que se fomos criados a sermos o que somos não necessariamente fomos perguntados, ou participamos da formatação dos papéis que assumimos. E se assim for chegaremos a frustrante necessidade de negar tudo, ou ao menos as demandas externas que nos machucam ou nos castram de sermos nós mesmos e melhores, ou seja mais felizes sem ataduras ou vícios, ao menos conscientes da existências destes, e portanto não escravos deles e até  podendo usá-los para a felicidade.
Aqui abro procedentes para meu maior pecado nesse manuscrito. Se descobrirmos que não somos o que queremos ser, então temos que morrer metaforicamente para ressurgirmos a partir de nossas premissas.
É o maior pecado, pois além de carente da sustentação teórica, é também muito sofrida a tamanha descoberta. Não subestimando quem não alcançou tal autoconhecimento, porém penso que diante de tantos estímulos ao supérfluo e ao prazer imediato, observar o seu morrer e encarrar um autoconstruir é de provável inaceitação precoce.
Principalmente indicando que é uma infeliz e necessária constatação. E pior, ou melhor, é que se faz uma força tremenda para sair dessa passividade. A morte parece muito formidável. Pensar que se você não é você, as culpas da vida não são suas protege cegamente o indivíduo.
E assim a humanidade parece querer seguir – elegendo culpados – deixando de ser mais intensamente. Viver efetivamente parece se confundir com mortes “pequenas” da negação em vícios e mentiras.
Voltando ao processo, digo por experiência notoriamente presente que ficar preso a morte é muito tentador, porém a vida e o mundo que agora consigo perceber é mais ainda apalpável no tocante da felicidade. Digo isso pensando que para acessá-la cada vez menos preciso de momentos supérfluos e pessoas vazias e muito menos ainda de vícios.
Claro, isso tem um significativo preço. A verdade é maleável e mais concreta, ou seja, ela dura a várias gerações mais ninguém a acessa sem ser por si só.
A minha verdade pode ser chamada precocemente de amor. É claro que sei tão pouco dele. O que me assusta, pois a o perseguir por muito a partir de lógicas egoístas e princípios mentirosos apenas me constitui um fraco e vazio. Dito isso, estou muito distante de conseguir minha meta. Provavelmente muitos voltaram a esse ponto e poderão continuar minha saga quando efetivamente meu corpo não mais aguentar buscar uma forma de efetivar o conceito amor, sobretudo de maneira empírica ( praticada) por maior número possível de subjetividades, isentas da destruição conceitual e científica dele pela visão destorcida da leitura consumista cristã-judaica.

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