SOLIDÃO( Resposta a indagações de uma jovem que não aprendeu a ser adolescente)


“Penso quanto se fez arrogante e com isso mergulha-se em um imenso mundo de solidão da incompreensão. Fico tão prisioneira da de sua não exitosa saudade do que não se viveu. Vive-se então, atrás dos papéis sociais, negações do seu eu, ingressos de mentira cotidiana, cuja negação de ser apenas de um eu”.  
- Minha cara, é pesado por demais perceber que não posso descansar da responsabilidade do papel social “psi”. Com esta função social têm-se vários indicadores de caminhos libertários. Mas as verdades, quaisquer que seja uma delas, é tão frágil e insipiente que pode causar sintomas depressivos. Porém esse ainda não é o maior mal.Ele trata-se do fardo que lhe doado e nunca negado . Tem-se que viver como ‘Atlas’ que em seus ombros repousam impositivamente os pecados sordidamente, não há quem lhe subtrai um pouco do malefício.
“Tais dizendo que lhe é proibido descançar do papel que se auto impuseste?”  
- Sim, em realidade você agora me ensinou que não posso apenas se ‘psi’ em setting terapêutico, no campo social, na sensibilização de rua, ou em equipe que pensa ser interdisciplinar; tenho que está permanentemente em uma ‘cama de Procrusto’ - esticado ao tamanho do mundo e retalhado a minha subjetividade - essa jogada como você – que não faz parte das demandas do meu trabalho – imerso a solidão.
“Pensei que isso não acontecesse a um ‘psi’.
Enganei também – mas não há maior vazio que o do conhecimento -  quando só você percebe que se está imerso em um nada, ou melhor, está sobre nós um entulho dantesco e cada dia outros mil são nos jogado.
“Vive-se numa carência enorme, precisa-se de tutela ou de responsáveis a quem culpar”.
- Tens relativa razão. Imagine esse diálogo para a maioria é inviável, ou ao menos, tem que a ser permeada por estímulo externos diferente da arte, como a droga. Pior ainda são os quem usa essa última para fuga, já não vivem. Talvez a carência esteja no cerne da questão. Se assim for a tutela baseia-se na resposta de sermos guiados, e assim, nós ditos intelectuais precisamos das verdades dos grandes autores, como prisões. Não criamos a nossa própria ‘cama de Procrusto’, ou cegamente negamos teorias e conceitos. Em suma, inviabilizamos qualquer discurso conciliador ou agregador. Preso a dicotomia do certo-errado, uma versão do cristianismo utópico, da mitologia céu-inferno. Todavia nada mais perigoso ao atual viver consciente, quando viver buscando a quem crucificar por nossos medos. Nesse processo além de evitarmos autorevolução e transpassar nossas dores, quase que criadas psicologicamente, vivemos projetando-nos em destinos deterministas: governo, capitalismo, pobreza (...), não que essas mazelas não existam, mas não necessariamente temos de os concebe-las sem implicarmos consciente e inconscientemente dos mecanismos que nos as impõem como verdades. Temos que ser permanentes céticos criticamente falando, ou seja, se eu não posso me dispor do meu papel de ‘psi’ não se desnude de seus papéis, já que estamos em perene guerra, o inimigo não dorme. Podemos reconhecer como limites as batalhas (governo, capitalismo, pobreza ...), mas não podemos deixar de sermos humildes em aceitar as diferenças não só as externas, mas sobretudo, as não perceptíveis, percebidas aos outros sentidos, ou seja, demos tempo a quem precisa, respeitemos a diversidade das verdades e da enorme forma de conceber e sentir o mundo, talvez essa seja a real guerra. Em suma, uma grande corrente pela liberdade de todas as expressões e desejos.
“Assim você concorda que estarás preso ao teu papel social ‘psi’ como um instrumento de revolução e rebeliões, então como ser Pedro Paulo?”
- Bem essa é outra lápide que fincarei, pois nem morrer posso, melhor, nem solidão é possível ter.



Comentários

Postagens mais visitadas