SEMBLANTE PSICOTIZADO



            Um menino, adolescente não castrado: Um adulto prematuramente frustrado. Nada além da doce perturbação solitária a ele interessa – apenas a percepção consciente do vazio de resolução inconsciente e sumariamente mortífera.
            Quando criança na ausência paterna sobrecarregou-se a genitora. Padeceu de nunca cingir o umbigo, assim se simbiotizou.
            Mas antes da fatídica e prematura morte do seio materno, ela mesma decapitou o gozo enquanto ele era um prematuro projeto de infantil. Deu-se a prematura formação de autossuficiente ante as demandas tão comuns a nós nordestinos: O trabalho, cada dia mais precoce.
            Se apenas isso emergisse seria louvável, secaria todo o atual desespero. Essa supérflua independência, que nunca se concretizou, foi  única liberdade. Mas ao mesmo tempo foi  chave aprisionante de uma castração nunca findada, portanto, incompleta  e imatura, ou seja, ainda carente de efetivação.
            Isso ficou cada vez mais evidente após a morte a única referência materna que fora também paterna. Tudo ficou objetável: Folha ao vento ao relento, escasso do afago suave das relvas calmantes.
            É claro que a criança vivia uma vida moleque em ações beligerantes de abandonos e carências às únicas sensações que tinham sentido coerente. Criou-se arrogância cavalga ‘aladamente’ em sonhos flutuantes.
            Chegou-se a idade púbere rompante e com ela a necessidade de pular em imenso vazio escuramente denso e perdido, pois nunca se sentira atuante e sim passiva e paciente (doente) fez vida pulsante de morte, louvando-a como deusa fascinante.
Tão cego e dormente fez sempre fascinante na pobreza extrema, a fome como única riqueza do moribundo andarilho errante de casa em casa colhia favores.
 Tão fraco fez homem, nunca adulto, imaturo jogou, melhor atou-se como uma pedra, estável e fixo no nada. Praguejando contra as potestades pagãmente. Pensou ser político criticamente, foi apenas pelego alienado, somente.
Aprendeu a desenhar o nome que lhe deram, constituiu-se analfabeto funcionalmente. Curtiu sua fuga em arte fútil ou vagamente. Apenas máscaras ostentava faces da sua auto mentira, uma negação cabal de tudo da auto percepção, pensando que poderia encobrir dores dormentes, feroz e insanáveis das que pensou ter fugado.
Estudou uma simples psicologia desengajada de quase tudo que sofridamente percebeu que não tinha muito a contribuir quando na academia. Tudo refletia mais as suas dores de vida vazia, refletida em áridos estudos desconexos.
Porém percebeu-se não mais necessitado de negar que ainda é psiquicamente uma criança, adolescente na vida afetiva e o melhor um velho na percepção sociológica, mas impotente. Desse vazio aprendeu a utilizar sua força motriz a favor de perceber os diversos vazios que lhes circunda e potencializar a possibilidade dessa percepção.
Todavia essa é uma batalha de uma guerra permanente, da qual ainda não se tem como denunciar pelo semblante. Uma face de psicotisada.
Ela denuncia que essa é a única forma que se afiançou como meio de continuar negando a pulsão de morte de viver como uma folha ao vento, ou de pular em um desespero, ou ainda, preso à amargura intrigante.

Comentários

  1. Após recesso merecido, ante a necessidade de não ser supérfluo como o 'espito festivo', voltei. Agora sinalizando a batalha de confrontar a amargura que nos é imposto.

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  2. No comnetário anterior onde se digitou 'espito festivo', leia-se 'espírito festivo'. KKKKKKKKKK( Pedro Paulo).

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