AMOR NA ESCRAVIDÃO


Desconheço maior escravidão que a da alma despedaçada pelo desejo avassalador. Quando sua extensão chega à proporção da loucura e seus propósitos são de humilhação e culpa.
Você, como louco, segue a trajetória submissa e constante, sofrendo dentro de um gozo insalubre e doentio. Segue cego de culpa da autoflagelação que apenas alimenta um vazio.
Depois tudo se vai, ficando um doce escárnio do vazio zumbindo em seu sorriso desdentado e amarelado: eis subordinadamente, ventandooooo, cantando a morte eminentetetetetetetete... (delírio auditivo persecutório)
            Você crer que ela é uma libertação. Porém é algo constituído de uma infinita certeza de que poderia ser mais feliz se não tivesse esta infelicidade conduta: o desejo desregrado.
            Não é uma certeza da cruz a ser carregada, mas pode ser uma marca de dor perene, a qual nem a morte pode suavizar.  É uma nódoa que não está estampada e sim impregnada em sua alma, crente de que eis lama, e não pó, e a ela voltarás a um lodo latente de um odor fétido e incompleto, sem descanso, só condenação.
            É obvio, oh Imponderado Senhor, dentro de sua virtude e certeza, que não comungas desta ladainha, condena-me ainda mais afirmando minha culpa cristã como uma mácula.
            Mas essa seria minha redenção. Se fosse culpa cristã estaria liberto. Pois dentro desta doutrina Cristo morre para ‘meu final feliz’, como em cinema ianque. No entanto, essa doce ‘ilusão’ não é tão simples assim, é na realidade o inverso. A mente, amigo, é sua doce, agridoce agre, amarga, amargurada vida que se alimenta para morte e se abastece para ser inquisidora. Ela tece sua história junto ao que diz cristianamente, ou cretinamente (pela infantilidade e cética crítica, por ser vazia) do inimigo.
            Se assim crês, não sabes que o blefe é carregado de um fundo verdadeiro, é o cerne de sua condenação, o âmago do certo e reto, latente em você, querendo verdadeiramente te libertar da mazela que aqui teço, colega, e espero, que um dia, amigo, por ti e por fim, também a mim. Sim que o ‘conhecimento vem do ouvir’, ouvir a palavra que os tempos não fecham sua verdade: o amor.
            Não o que se conhece que cedo condena, pois se baseia na beleza efêmera; não de outros prazeres noturnos ou de vícios que varão a noite, e no dia seguinte não se tem saciado; não dos versos infantis, ou da primeira impressão, ou ainda de escravidão comprada por tua paz. Estas e outras,  as conheci e vi que não eram boas.
            E sim, quanto mais se conhece mais se quer, meramente pela sua grandeza, mas de culto crítico e severamente cético. Porém o da certeza consciente de que dificilmente nos igualaríamos.
            Este de beleza eterna, que apregoa a real igualdade, não a dos teólogos que hierarquizaram os gêneros. Aquele de responsabilidade e não obrigação cega e pedante, como a da culpa, e sim, o da suave paz como redenção. O que diz, deixe vim a mim as criancinhas, e não o que as abusam e as exploram, ou ao menos, cale diante dessa cíclica maldade. Este que disse respeitai a teus pais, e não ao pai, apenas; e se referindo aos mais experientes, que sempre erram, chamados a depor por sua sabedoria e virtudes conquistadas pela prática desse amor, e não para serem abrigados, ou pior, abandonados ou explorados patrimonialmente. Esse que foi criticado ao defender adultera e rodear-se por pobres e pecadores, e em se deixar morrer como ladrão, tudo em nome da pessoa humana, essa que por esse amor, (auto)percebe-se qual o seu erro e segue lutando para não errar, pela simples consciência de que isso não a faz evoluir e nem transcender. Ato pago em curas, milagres e boas aventuranças e, sobretudo, quebra dos mandamentos condenatórios e apregoador da misericórdia, do perdão e da redenção tal quais sinônimos do amor, o qual aqui exemplifiquei.
            Aqui solicito parcimônia dos historiadores, teólogos, filósofos, psicólogos e todos os outros doutores, pois sei pouco de suas divagações e seus avanços. Porém afianço que o amor, que aqui estimulo, segue por outras fontes que a nossa humanidade pouco acessou.
 Na realidade, ela é tão sublime, que não dando lucro, o Ocidente em seu consumismo absurdo não poderia comungar visto que ele apregoa abstenção da corrupção de coração (leia-se alma), e assim, portanto, torna-se atemporal.
Não tem de nada transcendência além do seu fomentador, mas é a forma secular de estar entre nós, é como o consolador, porém esse último também, se materializa em alegrias mil, tais que o homem que ascende a certo grau de amor, jubila ao evoluir a ele, portanto, não deixou uma igreja exclusiva de doutrinar. Elas servem como meios para cada um ser errante, que somos, adapta-se para acessar um pouco da graça desse amor. É claro que seguirão vários falsários e exploradores, mas isso é outra forma de sofrer. Por isso, também é necessário cultuar o amor de maneira racional e de livre arbítrio. Reconhecendo-nos como falhos e pequenos, e o amor é elo, conosco mesmos, e o caminho a algo inexplicavelmente melhor.
Sendo uma entre diversas formas de viver, o amor é a única que une necessariamente pelas diferenças. Homeostaticamente (igual e harmonicamente), procede de maneira altera e empaticamente, ou seja, é um modo de vida, com e não para o outro. É uma relação da cultura de paz e não de poder. É sim uma filosofia de vida e não alienada e vazia de negação do mundo, o que se repulsa nele são as mazelas das práticas viciadas.
Por fim, as das parcimônias, fecho-as, com o que pouco sei discursar, a responsabilidade de escutar a alma (psique). As pedi em detrimento do fato que o amor aqui defendido requer paz de espírito, ou leva a essa paz, ou ainda, ambos os processos acontecem de maneira a se retroalimentar.
Na realidade, tento conclamar-vos a esse amor, apresentando o que aprendi para responder-lhes que nada há de condenação, pois um fenômeno ocorreu a cerca de dois milênios para que não precisássemos mais carregar a culpa que os teólogos, a serviço de certa alienação, imputaram-nos.
Culpa bem utilizada para diversos empreendimentos econômicos, que se digam cristãos, ou em nome de Cristo. Avanços tecnológicos experimentados em guerras, dissensões de nações, sementes de rancor e desrespeito às naturais diferenças, tudo em nome de lucros e divisas societárias, talvez a apagar suas amarras amargas e vazias oriundas de seus vícios e negações da vida lhes concedida.
Tudo que nos afasta de nossa maior virtude que é amar uns aos outros. Tudo tem contribuído para desconhecermos que nas diferenças nos fazemos um, pela unidade do amor.
Agradecimentos a corretora gramatical M. Cheng, em sua incansável paciência e virtuosa criticidade, Camaragibe,Pernambuco, Brasil. Carnaval de 2012.
Pedro Paulo de Souza Oliveira
Psicólogo e ativista em Direitos Humanos 
           




Comentários

  1. boa noite!!! Gostaria de saber quem é, e dar os Parabéns a sua corretora gramatical, que muito lhe ajudou em seus textos.

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    1. A pessoa chama-se M. Cheng, ainda não tenho autorização de revelar o primeiro nome. Tornou-se eum pessoa indipensável ao blog.

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