AS NOVAS INSTITUIÇÕES TOTAIS: CASAS PRISÕES


As novas fortificações em que as casas, chácaras e prédios se formaram neste século apenas assemelham-se aos grandes castelos, mas com a suntuosidade das catedrais.

Enquanto os castelos abrigavam a minoria da população menos ainda as catedrais. Hoje os que as grandes fortificações não fogem a regra. Mas, o castelo abrigava o poder protegido por exércitos,  os das catedrais além dessa proteção também contavam com supostas verdades externas que colocavam o homem em seu interior submissos a regras que eles não podiam domar, o medo do onipotente. Hoje, o exército, chama-se de força policial e a religião mais heterogênea aliena tanto quantos antes, mas surge uma força mais vibrante e inesperada, o narcisismo empregando o individualismo para domar as massas.

Liberdade de ser, assegurado pelo ter, destrona o que sustentava nossas virtudes para viver, Deus. Hoje o livre arbítrio tomou enorme proporção. Esta é a liberdade mais cara. O homem pobre não tem com quem dividir a responsabilidade de suas perdas e dores; o rico não sabe como gerar seus sustentos sem ser miseravelmente mal. O lucro é o guia deste último e escravizar o primeiro é necessário. Como também ter a certeza que a maioria da população não porá seu contínuo “desejo de ter mais” em risco.

Para garantir a situação estratificada das classes sociais foi a muito sustentada por várias formas de políticas ‘policis’. Hoje, até as políticas sociais são formuladas com o intuito de alienar. Essas políticas segregam aos que são supostamente beneficiados com um desejo de posses, pois seus formuladores fecham os olhos para diversas formas de estímulos ao consumo desenfreado que os lucros dos pobres  não lhes podem garantir.

Não, essa discrepância de acesso aos lucros por todos guerreados não é motivador de muitos de dos pobres serem aliciados a suposta criminalidade, por que são marginais. Digo, isso crente de que se visitares um dos espaços prisionais encontraras poucos que realmente tenham um perfil para crimininalidade, não que muitos não sejam inteligentes o bastante para bolar um crime, na realidade muitos dos presos não têm  a maldade necessária. Basta refletirmos como um Código Penal junta um ladrão que rouba para a subsistência a um “aviãozinho” que chamam erroneamente como traficante de drogas.  E o pior é que muitos políticos lucram com ambas realidades, mesmo este último sendo defendidos em suas falcatruas. Além do mais eles, legislam em causa própria e que  também são escravos de criminosos maiores, chefes destes.

Mas estes três atores sociais e os demais, são tidos como a parte da sociedade. Os pobres desassistidos em suas necessidades, o que lhes deixam as portas da miséria. O pequeno manipulado, distribuem drogas para alimentar o vício de universitários, a morte lenta de todas as classes com o crack, mas na realidade são escravos de grupos milionários que mantem suas divisas econômicas com o real tráfico de drogas, armas, pessoas e órgãos humanos. Esses últimos sim, são os reais criminosos. E são protegidos pelos políticos do mundo para gerirem cerca de 40% do dinheiro mundial. Os outros 60%, são legais, eufemismo para as lavagens de lucros manipuláveis e dominados por regras sórdidas do mercado.

Esse emaranhado de realidade cause em diversas pessoas um medo dinâmico. A certeza de o medo abstrato pode se materializar.  Uma certeza, mesmo que ingênua, que os tidos como marginais possam roubar o poder econômico e a segurança do bem estar.

O medo toma faces reais. Para se proteger pessoas abastadas tomam medidas que assemelham aos sintomas neuróticos e não poderia ser diferente, teme-se o diferente e o inesperado, por mais que eles sejam também fascinantes.

Para se continuar vivendo as pessoas se jogam em práticas de defesa. Usam meios de afastamento e distanciamento. O principal meio disto é encastelar-se em fortificações em tempos em que nem a polícia podem os proteger.

São, esses castelos expressões dos muros, grades de prisões para os alienados do século XIX sendo repaginados e (re)significados em pleno XXI. Divergindo apenas que não são pobres e doentes de todas sorte que são jogados em masmorras. E os atuais muros e grades afastam e protegem os que tão dentro dos que estão fora e não o contrário, pois não são os que estão presos que são o perigo, ele está lá fora, mas não especificamente os que foram libertos pela reforma manicomial e sim os que são apontados como marginalizados, mas não os confundamos com criminosos. Eles apenas estão a margem dos lucros e benefícios (60% do dinheiro do mundo) que os trabalhadores garantem aos ricos. Eles de alguma maneira frustrados rebelam-se.

Os ricos e a classe média vivem nesta situação, nas construções da arquitetura do medo. Se ser rico é viver encarcerado não podendo ir e vir é uma lamentável situação. E sofrer ou não por os seus irmãos que morrem a mingua podem promover naqueles um sofrimento interno que lhes castra a felicidade.  Então pode ser temerosa  viver deste modo.

            Talvez seja uma chance de que toda a ‘utópica’ sociedade se tornar uma de verdade. Bem, que ela perceba que na realidade ainda gera com sua forma de escravidão cerca de 60% do dinheiro movimentado no mundo. Declarar guerra a real inimigo o originário criminoso, o grupo que gerencia os 40%. Mas antes de enfrenta-lo deve curar o mal que desune a maioria das sociedades, a escravidão do trabalho. Estes escravizados são necessariamente a mão de obra sofre e adoece ao ponto que alguns filhos destes partem para ações desesperadas de confrontar o sistema da escravidão estruturado. Estes que ousam rebelar-se contra o sistema escravocrata da sociedade atual e rendem-se ao submundo da marginalidade. São os que podem conceder a real solução. Não a das armas, mas a da audácia em não aceitar as injustiças.

            Então, as classes economicamente dominantes ou percebem que podem minimizar o lucro criminoso, ou ao menos evitar que outros agentes sejam facilmente cooptados para a marginalidade e servirem como cobaias da real criminalidade. E esse arrebanhamento é que garante que o medo real surja do abstrato. E assim o medo deixa de ser para proteção para ser patológico.

             

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