DIALÉTICA UTÓPICA Tese: direitos humanos. Antítese: psicologia. E síntese: Cristo?


Alteridade me parece sinônimo da tese dos Diretos Humanos, ou ao menos, a utopia das concepções especuladas pelos seus nativistas. Por sua vez, a Psicologia, em seu afã, apresenta a empatia como marco de suporte à autonomia em meio aos desencontros subjetivos quando confrontados em sociedade. Essas duas mediações sociais podem convergir com uma doutrina simplória milenar de um filho de carpinteiro. Idealizador de um conceito tão impactante que, mesmo distorcido por teólogos, massificado ou alienado por políticos e tido como inconcebível por filósofos, venceu séculos e parece ser o único princípio universal a todas as culturas.
            O amor teologizado foi bandeira para guerras cinicamente ditas santas. A psicologia vendeu-se para selecionar seres humanos mais animalizados exterminando seus semelhantes. E, em nome de falaciosos Direitos Humanos, ainda se invadem soberanas nações, geralmente falidas em suas economias internas a nível de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas com um PIB (Produto Interno Bruto) pungente. Ambivalência garantida por democracias demagogas e hipócritas.
            Esquecem-se do amor que um tal Cristo apregoou, além disso, não deixou para si outro templo ou moradia além do corpo de cada um dos seus seguidores, ou seja, não deixou igreja detentora de sua verdade ( apenas sua verdade escrita), assim não deixou direitos a nenhuma instituição a lhe representar, não foi o próprio que disse ‘dai a César o que é de César’, reconhecendo obediência as autoridades seculares? Por sua vez, a psicologia, como ciência promotora de ressignificação das feridas da alma, não fica implícita na harmonia homeostática dos filhos com os genitores. Ou seja, uma ciência promotora de respeito não só a triangular a socialização entre pais e filhos, como também apresenta vitória aos paradigmas das relações de poder, sobretudo de gênero? E nessa linha, os Direitos Humanos parecem afiançar-se, a certo modo, em seus Direitos Civis e Políticos (ao que foi referido aqui a submissão estatal de Cristo). E ainda, as relações de igualdade com alteridade dos Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, diretamente impregnados nas relações de poder, devem ser substituídas por um dogma real de liberdade, igualdade e fraternidade?
            Ampliando ainda mais essas convergências, apresento-lhe o então Filho de Deus, feito homem, que não repreendeu quando um dos seus seguidores mais exaltados se armou para defendê-lo ‘aquele que espada com espada será ferido’. Implicando assim que seu amor é a única arma. Esse mesmo sentimento que reúne multidões em torno de uma causa. Semelhante de alguma maneira, a luta da classe dos estudiosos da alma humana, estampada nos comportamentos, nos quais assumem um significativo ‘não’ aos tratamentos fármacos, em determinados casos, crentes que o sintoma deve ser mantido, como a chave da liberdade subjetiva. Pois não é o sintoma que o consome, e sim a patologia, e, sobretudo, a banalização do ser humano como se fosse passível de ser coisificado ou controlado por química. Parece-me, nesse tom, uma mesma bandeira, a dos Direitos Humanos deflagrando causas, como a de combate as violações contra as mulheres. Mesmo, mesmo que também omissa, descrendo, ou calando, de que se precisa efetivamente libertar o desejo mobilizador dos jovens. Esses que são tão esquecidos pelas normas e morrem precocemente, mas nunca esquecidos pela psicologia e, menos ainda, pelo que disse ‘deixai vir a mim as criancinhas’.
            Por fim, lembro-me da metáfora de cada um carregar sua cruz, ou seja, ser responsável por suas escolhas. Como também a psicologia apregoa o adiamento do gozo, quando prematuro e hedônico, tão comum à sociedade consumista que apregoa o prazer a todo custo e ilimitado, uma doce ironia de azeda verdade.
Talvez por isso, nós ativistas em Direitos Humanos carregamos a cruz de sermos defensores de marginais, como se eles ao serem semeados em sociedade não mais merecessem o direito à humanidade. Ou ainda, queremos defender todos os pecadores, ou melhor, os desviantes do comum social, como se fossemos iguais, enlatados, feitos padronizados que nem as máquinas. Isso indica a longa carência de diálogo entre a norma e subjetividade.
            Enfim, pensam ou nos querem pensando que Direitos Humanos, Psicologia ou o real Amor não fossem meio, e sim a finalidade. Creio que esses são instrumentos de harmonizar os seres.  O fim é a solução que está em cada um, na decisão de cada um, então, é a Psicologia que deve dialetizar com a política dos Direitos Humanos sobre o Amor. E esse último seja sempre a síntese para novas interações.
Sem isso, a psicologia nunca vai ser ciência, se isto fosse o mais importante, porém, ela deveria está em tudo o que se refere às relações humanas, pelo simples fato de tentar entender o humano em sua totalidade, inclusive seu inconsciente.
Como também sem o amor o humano não consegue conceber um ao outro e errante sem oportunidade de confraternizar-se com seu semelhante, que não sendo idênticos. Mas que essa diferença diagnostica o belo de nossa constituição, a que milagrosamente nos faz iguais, ou ao menos, pode garantir relações de equidade de oportunidades.
Essa evolução não será efetivada sem a dinâmica sempre promovida pelo amor. Sem ele seremos sempre vazios, não percebemos que não há felicidade completa enquanto um de nós padecer necessidades ou não tiver acesso às informações. Lamentavelmente o que consegue contentar-se com as mazelas desse século, lamento,pois possivelmente careça ser convidado ao princípio da realidade.

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