HOMOAFETIVIDADE VERSUS FAMÍLIA? Uma negação ao projeto de saltimbancos da Câmara e do Senado




            ‘Vai e não peques mais’, solicitação diferente de vai e não sejas mais adultera. Parece-me sugerir um livre arbítrio para a decisão autônima e provavelmente crítica da então ameaça de apedrejamento. Entendo que ele não a jugou, não foi em sua defesa, isso com um expressivo amor, em perceptível empatia, demonstrou alteridade, assim separou o ‘joio do trigo’, ‘aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra’,nisso inclui uma frase (auto)inclusiva, pois  Ele não morreu para nos livrar da condenação de nossos pecados? ‘Mulher (e não adultera) ninguém ti condenou? E nem Eu’.
            Então porque puritanos querem ferir um dos direitos pétreos impressos em nossa Carta Magna, coadunado com princípios de Direitos Humanos os quais o Brasil é signatário, que afiança direitos inerentes à pessoa humana desde a vida fetal. Propõem violações contra a pessoa que após poder decidir por si direcionou seu desejo à orientação afetiva, não convergente com o que a sociedade patriarcal e heteronormativa  convencionou. Irônica ou estupidamente se instrumentalizam como defensores da família e o pior da sociedade cristã.
            Bem, um fato que ‘cada um que tome sua cruz e siga-me’. Sabendo que tal convite aos seus seguidores seria uma ação passível de dificuldades, sobretudo, que morte de cruz retoma a vergonha da humilhação. Ele nos enviou o Consolador, o Terceiro da parte una, que Ele e o Pai misteriosamente compõem-se. Esse Terceiro, o Espírito Santo, enviado para nos proteger e ajudar a enfrentar a vergonha da cruz. Bem, saliento que não recordo que Ele sugeriu julgamento, função pertinente apenas ao Pai, em momento, local e utilidades específicas. Exemplificando, ao mandar a mulher ir o Próprio não a jugou, e sim a orientou a tomar seu caminho de fé ‘negue-se a si mesmo’. O que para a psicanálise enfatiza em detrimento do princípio do prazer o princípio da realidade, ou seja, orientar seus desejos inconscientes, por intermédio de sublimações, para o socialmente aceito, com esse (auto) controle o corpo será tido como ‘templo e morada’ de Cristo.
            Assim, enfatizo que se não podemos destoar do amor que Cristo apregoou, como os teólogos o fizeram e hoje é utilizado para alegações promotoras do ódio, não  podemos utilizar-nos de uma suposta defesa da instituição família para acuar ou coagir a sociedade auto e alo agressões (para o interno e externo). Sobretudo, pelo fato que evoluímos do paterpoder ao poder familiar, no qual a mulher também é enfim chamada a responsabilizar-se pelas demandas sociofamiliares, que espero que Deus nos ajude para podermos contar com efetiva participação de corresponsabilidade por parte dos filhos como agentes de desejos e possuidores, portanto, de inovadoras contribuições para o fenômeno humano que todos os cientistas, os ainda cartesianos, mais temem. Mas tal realidade só poderá ser vislumbrada quando em família, seja real a igualdade com equidade de oportunidades de poder, e não relações de poder hierarquizadas.
            Afirmo isso diante do machismo que escraviza, inclusive as mulheres, em um processo sádico-masoquista, perverso e patológico. Exemplo dessa falta de empoderamento é a Lei Maria da Penha, na qual poucas mulheres conseguem se libertarem, pois logicamente a lei é um instrumento, um meio, mas a pessoa humana é meio e finalidade de todas as benesses que a sociedade produz, todavia isso ocorre às que internalizam a vida com amor, e essas dizem sobremaneira o não aos atos errôneos, e sim a paz por ela potencializada.
            Para tanto, a socialização desse verdadeiro sentimento tem que ser semeado no seio familiar, e a sociedade perceber que precisa trabalhar nesse sentido. Ou seja, a liberdade em família tem a igualdade ter inatamente, e ambas ( liberdade e igualdade) a partir da fraternidade. Ou melhor, essas três dialeticamente se retroalimentam e se (re) significam em nome sobretudo da liberdade, ou seja, o livre-arbítrio.
Talvez diga, caro leitor, como levar isso à prática. Bem creio que com a chegada efetiva de profissionais da área da alma (psique) em equipes interdisciplinares, se imponderados a essa tríade (liberdade, igualdade e fraternidade), e se  os profissionais estiverem saudáveis para contribuir preventivamente com as famílias para que reelaborem suas demandas, podemos chegar a essa possibilidade de liberdade.  É obvio que há outros profissionais abalizados para essa prática, se humildes e sem hierarquias, pois neste processo interdisciplinar nenhuma ciência é detentora da verdade do caso, porque essa pertence à própria família e só ela, sendo posta diante de sua realidade, pode encontrar saídas (re) significativas as suas feridas.
Tentando sintetizar o exposto, no tocante do amor de Jesus, que é distorcido e até violentado e a família atrelados com a tríade citada. Nessa dinâmica, resta ao amor o elo, lamentavelmente, estuprado em todos os sentidos pelos teólogos cristão-judaicos em nome da sociedade de exclusões.
São tão distorcidos todos esses princípios, nas mãos desses legisladores, sobremodo, os que se dizem cristãos, que os une à família um amor baseado no ódio ou desfaçando este. Pois o amor diz não aos atos que possam vir a ser prejudiciais. Porém a sociedade conjuga amor apenas ao sim, imediatista, talvez por que os detentores do poder por nos concedido estimula desunião, para não nos reunirmos contra as injustiças. Portanto, querem que esqueçamos o livre arbítrio do amor que foi citado no início, por que esse não só liberta mais reivindica espaço de igualdade e equidade de oportunidades. Ou seja, após de orientado e não alienado, o indivíduo, imponderado com liberdade conservada e uma boa autoestima preservada pela igualdade e fraternidade, poderá dirigir sua vida consciente das consequências de seus atos como (co) responsável e assim surge menos espaço para a democracia representativa, nosso tendão de Aquiles, pois eles por nos decidem nossas vidas.
Todavia a bancada religiosa, que se diz em defesa da família fomenta a violência contra a cultura de paz e veta uma proposta de lei que viabiliza  nada mais que o direito explícito na Constituição Federal - chamada de Constituição Cidadã -, direitos de livre expressão dos direitos da afetividade e da vida social a partir de sua orientação homoafetiva. Querem barrar, na realidade, condenar um público já bastante violado em seus direitos em detrimento do amor ao próximo, cunho do cristianismo e da família. Agora querem privar até a vida social, depois de tirarem da sociedade LGBT o amor e a família.
Não terão eles/as o direito à família, principalmente que, em geral, quando não foram negados a eles/as o amor aos familiares, foram violentados pela sociedade, fato negligenciado pelo Estado, são letalmente extintos. Saliento que tão grave como homicídios homofóbicos, o desprezo e discriminação, diferente da homoafetividade, adoecem, pois só o preconceito causa feridas que, se não bem (auto) analisadas, promovem sofrimentos que se imprimem na psiquê, então imaginemos se violações  institucionalizadas não matam?
Por fim, afirma-se que é provável que estes políticos devam ser expulsos ‘saiam daqui bando de salteadores’, como o Cristo expulsou os vendedores do templo. Mas, o Senado e a Câmara sejam um dos últimos lugares que podem ser comparados a casa Deus. No entanto, lembro que os religiosos cegos e famintos de poder político crucificaram a Jesus, talvez porque perceberam Nele humildade em ser amante de pecadores e pobres. Coadunando com os judeus que ainda esperam um Cristo cheio de ‘pompas e circunstâncias’, um rei coroado que tragam a espada e não o amor.
Se assim posicionam-se não é de assustar que os israelenses têm tantos interesses em conflitos harmonizados com os ianques.  Como também, como os mais de 150 milhões de dizimados pela cruz e a espada a mais de 1500 anos atrás, hoje não seia diferente, querem continuar no poder alienando, usando mentiras e ódio para a mantença de suas ideias sanguinárias.



           


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