ENTRE A LETARGIA DAS FERIDAS E CICATRIZES E A IRA DE ESTÁ IMPOTENTE: UM GRITO ANÁRQUICO


            Cicatrizes de anárquico coração sangrando em quando em quando me lembra de sê-lo não necessariamente teórico, e sim assim se este contextualizado, pois ‘Frente a fatos novos, novas formas de resistências’*.

            O fato de não unir base teórica ou empírica ao contexto social, cultural e econômico leva-nos a uma acriticidade, uma letargia baseada na desesperante sensação de impotência, fruto da ignorância que nos querem internalizar.

            Desfruto de uma abordagem psicanalítica que basicamente afiança uma cura a partir da manutenção do sintoma. O mal é tão medíocre que ele mesmo aponta para sua queda. É como o escorpião que se auto mutila a fim de não cair em mãos inimigas, o mesmo não aprendeu com o gavião que é preciso também, de acordo com a conjuntura quebrar o bico enfrentando a pedra, possivelmente será sacrificante, no entanto, sem esse processo ele não terá um novo e imponente instrumento estético e utilitário da sobrevivência.

            Então dessa letargia da qual nada nasce pode-se imergir e consagrar ‘Destruam et aedificabo’**, da concepção que alimenta certos pensadores anárquicos que não concebem apenas o destruir sem o processo de construir um novo processo participativo. Por exemplo, no processo de substituição do falido modelo partidário é propondo umacerta mítica impulsiva de participação individual e popular.**

            Afianço assim que não se repudia a sociedade, e sim diversas instituições que se baseiam no poder para alienar e trucidar os semelhantes. Parece que a ideologia anárquica amplia essa concepção além da democracia participativa e da utopia. Esta pensa em uma sociedade perfeita. A concepção anárquica procede que um modelo perfeito é estático e desvaloriza a evolução.

Essa última prima da revolução se misturam no movimento dialético de uma sociedade efetivamente para além da democracia, uma sociedade anárquica.

Por outro lado, preciso lembrar a vulgarização que sofreu a ideologia ou o compromisso anárquico. É claro que destruir sem propor uma sociedade em evolução permanente é passível de ser utopia, no entanto, quem pensa que todo processo de vida não se atrela imediatamente a morte equivoca-se, ou seja, não podemos subestimar a capacidade de todas e todos contribuírem para sua própria liberdade e pela coletiva participação nas decisões e encaminhamentos. Não é um discurso escapista de que qualquer coisa que o modelo partidário, sindicalista, democrático, estatal não gera as maiores violações dos direitos humanos por estar abarrotado de interesses do supremo falacioso mercado livre, livre para quem?

Então penso no modelo anárquico pacifista onde a principal arma é o diálogo. No entanto esse estágio necessariamente inicia-se por um empoderamento. Nesse por sua vez, faz-se indispensável equidade de acesso as verdades que são combinadas ou geridas por pequenos grupos de enormes interesses. Acessibilidade que afiança a igualdade de todas e todos.

Claro que esse processo inicia-se em casa, sobretudo junto aos jovens em os fortalecer não para empunhar poderes mas para juntos administrar os encaminhamentos com essa ferramenta. Para tanto, os pais e responsáveis não podem ter posses ou direitos sobre os filhos e sim todos serem (co) responsáveis por tudo que envolve a sociedade familiar, comunitária e social como um todo.

Essa concepção necessita de um novo modelo de educação, na qual não se instrua para a escravidão do mercado ‘livre’ e sim para vida em sociedade. O ensino assim necessariamente deve ser desatrelada da educação.

A sociedade fomenta nesse modelo a extinção dos direitos, e afiançando que estes são estáticos e arcaicos que não acompanham a evolução do saber humano. Visto que esse não é instrumento primordial do poder de uns poucos sobre a maioria, pois todos sabem o que desejar saber e são estimulados a ampliar e proceder em movimento permanentemente dialético e holístico.

Não me parece utópico pois não há nada de perfeito ou idealizado. Pois a base dessa concepção é a busca de um caos permanente. Uma mobilização para contemplar todos os desejos e saberes. Onde o primeiro não aflija, segregue o próximo, mediado por um saber humano.

Um caos crítico e não apenas eufemicamente, e sim promovedor de novas concepções, melhor das  que foram suplantadas de suas representações de povos nativos, quais alcunham de indígenas e dos povos tradicionais, todos sem exceção vítimas de etogenocídios, infanticídios , estupros e demais perversidades da sociedade eugênica.

Quero afiançar que esses modelos se fossem não dizimados e aculturados e sim estimulados a viverem pacificamente sem suas sociedades não seria necessária usar armas e ou apelar para as diversas violências. Assim, inclusive, como já provado o planeta comportaria milhões de vidas em sua madre desde que estes respeitassem a mãe terra em sua superioridade abstrata e real.

FLORES, Joaquín Herrera: A (re) Invenção dos Direitos Humanos. Trad. Garcia e Col. Fundação Boiteux, Florianópolis, 2009;

WOODCOCK, George: História da Ideias e Movimentos Anrquistas:Vol.1 A Ideia, L&PM Pocket, Trad. Tettamanzy, Júlia. Porto Alegre, 2002.






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