Trabalho, está escravo por vontade, ou como meio de continuar respirando.
O quanto moribundo sou, preso por querer atar-se ainda
mais ao meu algoz. Amo essas correntes, pois, elas me lembram que ainda
respiro. E por respirar sofro, por ser duplamente covarde: por não vencer meu
inimigo mortal e também por não morrer dignamente.
Mesmo moribundo, canto um futuro digno de vencer enfim a
guerra, apesar de batalhas inglórias, principalmente por que não creio nos vãos
prazeres que são-nos cortejados: Amo a vida simples e de pacos sorrisos, porém
que sinceros, tanto quanto a alma dilacerada, com ela quero trabalhar e assim a
aliviar. Isso porque só assim a vida vale a pena, somos mortes a cada respirar
e desse processo biológico sugo toda a vitalidade para vida psicossocial e
espiritual, o que ei de querer a mais? Visto que cada inspiração é uma batalha
lograda.

Troquei minha doce ilusão de paz e amor pelo descontentamento
alheio para provocar novas reações de parâmetros e vivências, assim quem sabe a
vida fica menos transpirada, suada e ferida: E temos prazer juntos de acreditar
que é possível.
Por que ser tão egoísta em crer e lutar em nome do meu
prazer isolado do outro ou viver para e não com ele? Egoísmo é uma forma de
morrer tão só, tão vazio que a própria morte torna-se uma dádiva. Ou seja,
quero morrer lamentando que ela o inevitável se aposse de mim. Só assim aprendi
o medo dele.
Assim, também o trabalho não me escraviza ou me aprisiona,
por isso vivo lamentando os momentos de comer ou dormir, pois me treinam para a
morte para abraçar esse inimigo corajosamente. Eu quero a covardia de
encará-lo: Quero viver com o outro, possibilitando a este a possibilidade de
significar sua vida ao ponto dele deixar de apenas sobreviver.
Assim, trabalho deixou de ser uma escravidão: Pois vivo
feliz pois não sou apenas útil e também indispensável, sou apenas uma alegria
que se retroalimenta na do outro e vice-versa.
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