SONHOS EM LIVROS

Sonhos alheios escritos em livros tive-os diversos vezes jogados em lixo, dos poucos resgatados vivi-os como meus e agora devolvo-os também alheios a quem precisa sonhar para alcançar meios na vida de alcançar suas reais utopias.
Mas suponho que como eu, não faça como os idosos em sua parcimônia, mas assim é preciso fazê-lo, a vida tem uma cadência trágica para quem quer fugir de seus caminhar lento porém firme, sempre deixando marcas, tais quanto mais forte mais inconscientes nos determina, revenda-se a cada dor de origem assim, supostamente desconhecida.

Todavia, nunca os li profundamente ou suficiente para contaminar minha indignação, com puro amor próprio, um narcismo platônico do tamanho do vazio deixado por uma precoce frustração. Na realidade a marca consciente que a tanto tinha emanharado no inconsciente é que não fugia do mundo mergulhado em capas de livros com um mar de palavras e provocações, quase sempre usava sobretudo eles para fugar na minha timidez de quem no mundo sonha de olhos abertos, eufemicamente aqui escrito, pois os sinto alienados de si mesmos. E isso é um embrionário contribuir, por uma revolução impessoal e universal.

Entretanto, minha timidez fruto de minha única forma de expressão de fraqueza denuncia que eu era incrédulo de ajudar ao misero sofredor a viver sua dor por que eu apenas gostava de ser forte ao encarar minhas verdades nuas e cruas, sangrando-me com uma dócil paciência? Não era melhor também fugir, por debaixo ou por cima das capas de livros eu os via e rangia os dentes querendo devorar as suas covardias e, assim nascia a empatia, onde eu me escondia da interação direta, amei ao negar com ideias alheias a mim para  construir as minhas.

Não sou santo em querer um mundo que viva suas próprias alegrias como fruto do convívio de suas dores. Agora entendo o Cristo, que mesmo embandeirado do amor veio trazer a espada: A verdade. Ela não é só duplamente cortante quem divide a alma e espirito, mas também nos ensina o mais importante, enfaticamente, somos cada um, grão.

Essa humildade foi preludio qual quis negar ao não ler profundamente os livros mas me tirou do individualismo medo presenteando com um manuscrito da humildade. Esboço que nasceu o amor a mim e assim passei não a evitar os terceiros, agora não era só eu e cada livro. Deixava assim o platonismo e encarava um duro golpe realista. Nascia a dor das parteiras.

Vida doada, dores contempladas os sonhos não podiam mais serem destronados. Assim percebia que podia morrer. Algo precisa pulsar em mim. Decidir rememorar as dores das parteiras, como minhas, a empatia agora lapidada para se tornar resiliência e assim ser mais forte. Chorar com os que choram. Para depois sorrir com estes.

Enfim, a academia apenas ratificou que a muito fuguei mas que mesmo assim cedo cheguei ao porto, destino meu: mais que ancorar desejos os ajudo a descarrilhar e ordenar seus cartas náuticas para nunca mais os olhos enxugar pois os dedos agora mais resilientes deixam a agridoce água das lágrimas alimentar os sorrisos e desamores dos amores vividos e, portanto, partidos deixando partido o coração. Todavia, a onipresença deste fenômeno coroa toda uma vida, mesmo que entre sofrimento nasce a bela flor, em uma homeostase qual equilibrando a vida, dor e amor, sintetizando a paz. E assim as intempéries nada são sem o barco, e este nada significa sem o calor do canto dos ventos anunciando uma calmaria ao amanhecer.

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