INÉRCIA CONSCIENTE

Estive pensando que o maior presente que podemos devolver a sociedade é diretamente a ela doar nossa indignação contras as falsas verdades que querem que incutamos.
Porém, é uma tremenda dificuldade fazer parte de um mundo que não mais adere ou cultiva a crítica.
Então parece que as pessoas por não serem mais elas parecem apenas viver em vidas dos outros e nas destes.
E portanto, parece necessário comprar sonhos e ilusões em perfeita sincronia com diversas formas de não ser ninguém além de marcas (etiquetas), maquiagens (cirurgias "corretivas") e diversas formas de ilusões  cada vez mais temporárias.
Parece que essa é uma forma plausível para aceitar a vidas das pessoas que só se parecem com o que elas querem negar, comprando compulsivamente como se o que elas usam fossem elas; ou as marcas do tempo ou da sua própria natureza pudesse ser retiradas e nasceria  assim um novo ser, quase sempre sem alma e, muito menos sem espírito. Apenas modulado ao prazer a todo custo. Em suma, uma narcisista compulsivo, aquele que a frustração única socializadora nunca o sensibilizou; ou ainda, um ser mobilizado apenas para mentir permanentemente a si, negando o princípio da realidade, pois vive-se em modo esquizoide, construindo prematuramente a cada segundo várias falsas realidades.
Então, aceito conviver com essa sociedade sonhando uma utopia plausível de libertar ao menos um as  pessoas as pessoas que vivem sufocadas por ideologias que os sugam a sua real face escravizando-as em desejos alheios e intolerantes a elas mesmas, simplesmente por gozarem no prazer sádico de projetos de outros, quase sempre incessíveis aos que consumem suas ideias para marionetes se sentirem individuais, porém nunca alcançam suas reais subjetividades, estas que são apontadas como mera mentira de felicidade falsa...
Concordo em continuar lutando para ao menos sensibilizar pelo menos um ser que nem conhece o dom de se capaz, porque sempre foi lhe dito que é fraco ser único e ter seus próprios sonhos e por isso tem que que ter para ser.
Desejo continuar mostrando o quanto somos especiais por sermos únicos, de desejos impares, de medos coletivos e covardias aprendidas nas malhas de um sistema alienante.
Enfim, seja bem vindo, dentro das hipocrisias das compras e presentes que nunca trazem os presenteadores e sim suas precárias afeições e afetos.
Portanto, continuo labutando para que não temamos as nossas fraquezas e desavenças ou ignorâncias, pois as conhecendo podemos especular uma saída, ou menos uma inércia, levemente consciente.

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