DEPRESSÃO I: A PAIXÃO DE JUDAS



Lendo o livro O demônio do meio-dia: Uma anatomia da depressão do Sr. Andrew Solomon , começo a refletir a partir da paixão de judas, fenômeno de uma depressão latente nesse personagem encontrando apenas alívio com o autoflagelo a fim de responder uma dor ligada triplamente: passado, presente e futuro inerte que apenas se sintetizou em suicídio.

Em suma, buscando pensar sobre a demanda profunda desse personagem, provoco dar uma amplitude do suicídio deste homem como fruto de uma responsabilidade sobrenatural, pois ao vender o filho de Deus, nosso miserável homem, especulo que, ele se coloca diante de uma dor tamanha nascida do passado a um futuro tão incerto que tal discípulo apenas se percebe caindo em um precipício infindo – o confronto dele com o amor internalizado que Ele quer matar em si-, em forma expressa de sadismo: A certeza que Jesus o perdoaria se não morresse. Ai está, a falha, ele não cria na ressureição.

Ao vender Jesus, talvez, ele pensou que matou a Deus: pois não tão diferente do homem que comum, Judas sofria de pequena fé tanto que em Lucas 22:3 ele é usado por Satanás; e se Cristo disse em João 6:70,  que um deles é um diabo,  referindo a quem lhe entregou; e, esse se arrependeu, visto em Mateus 27:3, leva-me a especular que Judas não desejava dinheiro ou matar seu Mestre e sim, que Ele fizesse sinais e prodígios antes os religiosos da época, e podendo, quem sabe, os convencer que Ele era um profeta, visto que o próprio Judas duvidava que o Jesus é O filho de Deus.

Mas essa pequena fé é presente também em Pedro e os demais discípulos pois os evangelhos mostram que estes estavam em ascensão de sua pequenez em termos da fé, caso contrário, não desceria sobre estes o revestimento de poder, o pentecostes citado em Atos. Ele próprio carecia, na condição de filho do homem, de oração e jejum para ser revestido de poder ao curar e proceder com outros prodígios.

Então o problema de Judas não foi traí. E sim ser usado para o suicídio. Tanto que Pedro foi perdoado ao negar o Jesus por três vezes e os demais por fugirem. Judas perdeu por querer matar o amor que Cristo tinha depositado nele, com um alto-estima tão rebaixada ao ponto de se sentir miseravelmente indigno.

Mesmo que existia entre eles alguém que o trairia e venceu a morte, Ele é dotado de imensa em piedade,  provada em várias defesas a pecadores e em especial as mulheres, porque não pensar que Ele perdoou Judas?

A morte é fuga libertadora de quem não viveu dignamente e tem a morte como liberdade erroneamente porque ela é produto de como vivemos; Mas o suicídio é um erro egoísta em sua agressividade a dignidade do outro, no caso primeiro a si mesmo e aos onze pois Judas de algum modo cria que não podia mira-los, pois também tinha certeza que não suportaria ser perdoado pelos onze, ou seja, erradamente ele pensava que o amor destes seria uma eterna condenação com a qual ele não conseguiria viver.

Enfim, parece-me que a depressão não é apenas um erro na percepção do que nada somos sozinhos e sim uma internalização de mentiras que nos coloca como se regidos por uma busca incessante por prazer compulsivamente, ao ponto de não termos mais alívio, pois somos bitolados a crer que não existe gozo na humildade, tolerância e a negação ao poder e cegamente negamos o bem maior: o amor.

E o suicídio então seria a autonomia cega de mutilar o último sopro de dignidade usada como se fossemos autônomo do outro, do mundo de Deus e das dualidades desses outros e ferindo a nós, não machucaríamos a outros; ou essa última agressividade aliviasse a dor de si; e do próximo. Uma erronia certeza de sermos divinos, mas como se negamos o único caminho de o sermos conscientes? Pois no suicídio somos regidos pelo inconsciente desejo da morte em cada pulsão de vida quando regido apenas pelos desejos. E o amor cristão é negação a tudo que lhe tira do princípio da realidade.

Naturalmente essas palavras iniciais, são prematuras e até infundadas e prejudiciais a um cético, porém é aqui que inicio algumas reflexões que espero que seja útil. Mas são precoces sensações que serão, espero, evolutivas ao longo da leitura literatura escrita por Solomon. Nas próximas postagens ancorar-me-ei no livro supracitado para vos provocar a ser mais integro com as demandas que lhes traz  seus peculiares sofrimentos, eles são verdades suas que com tais  podes degustar a vida de maneira menos mentirosamente.

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