DEPRESSÃO, NECESSÁRIA QUANDO NÃO INDISPENSÁVEL.
Muito se tem provocado para percebermos a depressão em suas dimensões
suposta e exclusivamente negativas. No entanto, como todos os sintomas que
acometem a pessoa humana, ela bem pode ser sentida como sinal de que algo vai mau,
cabendo, então, ser trabalhado e não necessariamente resolvido, ao menos
convivido, para ampliar a qualidade de vida da pessoa em que se sintomatiza.
Pois, demandas mentais que se expressam em comportamento, podem continuar em
nos como cicatriz de que evoluímos e a determinada situação pode ser revesti
com outras máscaras e nos domar.
Nessa perspectiva nosso Solomon cita que “A depressão são contextuais
e devem assim serem interpretadas” (p.160), pois assim ela se transfigura e se
renova então atinge-nos. E nesse sentido, vejamos o que segue afirmando “Depressão
similar ao desamparo e diferente da anorexia, que é um tipo de autocontrole,
mas talvez exacerbação desse controle” (p. 163) e, para mim, o desamparo não se
diferencia tanto da falta de controle, pois o homem que não padece do desamparo
assim está, quase que necessariamente, por exercer certo controle sobre quem
lhe concebe amparo.
Afirmo isso, diante da noção que o autor cita quanto a relação de
poder impregnada do machismo “A mulher que rejeitam a representação masculina
são tidas como depressivas (em plena visão machista) quando o machismo é uma
“estupidificante do feminilizante (p.
163).
Isso é tão real que na “Feminilidade subordinada ao machismo: elas
ficam mais silenciosas, tornam-se falsas mesmo na interação interna (...) em
relação falhas aceitam abuso e espancamentos” (p.164), ou seja, o homem machista
não desamparado, não o é, porque submete a mulher ao seu jugo.
Todavia, por outro lado, o autor segue citando que o homem, e aqui não
temo em citar, o machista é aquele acometido por depressão, apenas obscurece
essa sintomatologia com outros comportamentos da existência de seu desamparo, “A
depressão dos homens não são diagnosticadas porque se expressão no “ruído da
violência; no abuso de substância ou tornando-se viciados no trabalho” (p.165)
É tamanho o desamparo que se torna covardia, “A maior parte dos abusos
é uma forma de covardia, e alguns tipos de covardias são um forte sintoma de
depressão; Violência como meio, no cérebro primário, de não desaparecer (sentimento
comum aos depressivos), ao ser violento sentiram-se liberados do terror
irracional” (p.164)
Se aprofundarmos essa percepção veremos que a depressão expressa tanto
na afetação feminina, onde elas se expressam na sintomatologia desamparada, ou
ao homem, que de tanto covarde, se expressa agressivamente com medo nítido de
ser percebido como desamparado, carente, fraco (...), saberemos , portanto, que
esses machistas acometidos por depressão necessitam de ajuda, porém covardes
ficam mais inacessíveis a si mesmo e longe de evoluírem com a depressão.
Esses, quase semrpre carentes podem ter sidoss filhos de “Mães depressivas
criam filhos “chorões, raivosos e agressivos (...) ou às vezes inclinados
demais a cuidarem dos outros (...) e responsabilizam-se pelo sofrimento do
mundo” (p.167), não nos parece que os que cuidam exacerbadamente são as
personalidade femininas? Enquanto os que sobrevivem agressivamente são aqueles
educados para atuarem como masculinos?
E, então diferente das personalidades em formação perene onde um ser
tira lucro dos conflitos necessários ao desenvolvimento “Uma criança que
assiste ao pai resolver um problema tira “enorme força disso” (p.170) a maioria dos homens que se comportam
fragilizadamente via a violência contra si ou a terceiros, claro que é possível
que demonstram sua impotência tanto que ao se negar usando as máscaras da droga
por que não suportando “A depressão é uma doença da solidão (p.199) e se assim
vivem deixam de evoluir por não ser capaz de encarar o problema, a qual se
utiliza da depressão para sintomatizar que algo precisa ser trabalhado.
Nesse sentido, no capítulo sobre os vícios, o autor do Demônio do Meio
Dia diz, “O vício em comportamento não difere significante do vício em
substâncias; “É a necessidade desamparada de continuar repetindo algo
prejudicial que acarreta dependência, e não a reação fisiológica à coisa
repetida” (p.206), aprisionado o depressivo dependente de substâncias em um
ciclo que o leva a viver mortalmente, ou mumificadamente.
Enfim, perdendo um possível crescimento, melhor, não permite a
contínua evolução. Portanto, creio que sinalizei assim que a depressão é
necessária para evolução do ser que convive com ela.
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