Ao ser abençoado com a depressão, nasce-se nova criatura.
Enfim finalizo a grande busca de entender e o meu fortalecimento a
partir da depressão. Se não foi ela que me trouxe à visão biopsicossocial e
espiritual, ao menos ela quem me ensinou a perceber que não me amava
integralmente. Deus, através de Paulo diz o homem sendo fraco ele é forte, pois
na fraqueza que humildemente sabemos que somos apenas dependente de Deus. Para
Ficino, citado por Andrew Solomon em O demônio do meio-dia:
Uma anatomia da depressão, diz “a
mente torturada é mais valorosa, como se fosse capturada em direção a
inadequação melancólica de seu conhecimento de Deus. “ A medida que somos
representantes de Deus na terra, somos continuamente perturbados pela nostalgia
de nossa terra natal celestial” O estado de conhecimento é a insatisfação, e a
sua consequência é a melancolia”, mesmo que este seja um mero pensamento renascentista
sobre a depressão, onde “ Ela divorcia a
alma do mundo e assim impele a alma em direção a pureza (...) A descrição de
Ficino para divindade da melancolia reconhece que seu estado é muito próxima a
morte” ( p.272).
Mas cristão que sou, mas preso a minha realidade pós-moderna sou preso
a perceber que Cristo falava em nascer novamente, necessariamente essa metáfora
o Jesus queria atualizar para nós que precisamos negar-nos a cada dia de vícios
e mentiras dessa sociedade de relações de poder, onde se pensa que ter é poder
e, consumir e ter esse potencialidade, porém, como citei no anterior artigo,
temos uma liberdade a tantas coisas que não sabemos o que significam nos leva
necessariamente a uma das máscaras da depressão: vícios, violências, mutilações
de famílias e de vidas. Esses que assim vivem estão mortos, por isso o meu Deus
já acusava deixai os mortos carregarem aos próprios mortos. Quem não sabe que
retirar alguém do vício, esse precisa reeditar sua vida?
O Kierkegaard acredita-se que a felicidade o debilitava, ele “via a
humanidade como melancólica(...) incapaz de amar as pessoas em tono dele
voltava-se para a fé como uma expressão de algo remoto estaria que staria além
do desespero. (p.294) Foi a forma que esse sábio cristão encontrou seu
ressuscitar.
Arthur Shopenhauer disse certa vez “Vamos simplesmente encarar o
seguinte: este mundo de criaturas constantemente necessitados que continuam por
algum tempo meramente por devorar uns aos outros, passam sua existência em
ansiedade e carência, e frequentemente suportam terríveis pesares até caírem
por fim nos braços da morte (...) um homem que tem qualquer inteligência
verdadeira reconhece ‘a infelicidade de sua condição’(...) se o mundo fosse um
paraíso de luxo e facilidade (...) o homem morreria de tédio ou se
matariam”(...) O trabalho não traz alegria, apenas distrai o homem. (p.294).
Se “A forma da depressão moderna: crise de perder Deus é mais comum do que a crise de ser amaldiçoado
por Ele” (p.299), creio que a nossa crise pós moderna seja descobrimos que
somos deuses, cada um de nós, mas presos a nós mesmos, mesmo que não nos conhecemos, pois a-históricos. O que poderíamos
esperar de uma sociedade parricida, matricida e infanticida? Forte ou engano?
Decida você ao após contabilizar quantos casos de incestos contra crianças;
abusos e assassinatos contra adolescentes; infindas famílias devassados pelo
álcool; idosos esquecidos em verdadeiros depósitos humanos (...)
Necessariamente isso ocorre porque invejamos as crianças devido a
nossa infância roubada; em nossa adolescência as máscaras caem; das relações de
poder nas famílias vê-se prazer no sadismo (...) é lógico que por nãos sermos
todos perversos isso é inconscientes, ao menos preconcientes. “O inconsciente,
segundo Freud, substitui a noção corrente da alma, estabelecendo um novo local
e uma nova causa para a melancolia (...) Freud declarou que a melancolia é uma
forma de luto e que surge de uma sensação de perda da libido, do desejo por
comida ou sexo (p.300). Aqui novamente, agora Freud, me dá indicações da
necessidade de nova maternagem da depressão. Ou seja, ao vivermos nosso luto
depressivo estamos nos formando, mas não é que não ocorra o desperdício dessa experiência
e continuemos sem evoluir, nascermos natimortos.
Talvez um diferenciador de evolução dessa nova maternagem depressiva
seja o humor. Necessariamente existem duas faces de expressá-lo existe o humor
doentio aquele que ora apenas goza na depreciando de si e do próximo; mas
também temos aquele humor reflexivo, parece uma flor perdida mas forte e
agradável no meio do deserto. Não confundamos também essa, com aquela
desesperada por está perdida falo daquele viés do amor próprio e a tudo que é
externo “senso de humor é o melhor indicador de que o indivíduo se recuperará;
frequentemente, é o melhor indicar de que será amado cultive isso a há
esperança para você”. (p.376)
E esse processo não é de tudo verdade, pois credito apenas minha parca
experiência a partir do autor aqui citado, que cita que “Teriamos mais êxito em
procurar a pedra filosofal ou fonte da juventude do que buscar a verdadeira química
da emoção, moralidade, das crenças e retidão”. (p.377)
Pois como ele diz, “Cada um de nos é a soma de certas escolhas e
circunstâncias: o eu exige no espaço estreito onde o mundo e as nossas escolhas
se encontram (...) Imaginar que algum dia estas qualidades estarem grátis, que
teremos injeções de caráter para fazer cada um de nós se transforma sem esforço
em Gandis e Madres Terezas: Terão as pessoas extraordinárias direitos ao
próprio esplendor, ou o esplendor é também apenas uma construção química ao
acaso?” (p.379), portanto, não poderemos esperar que sejamos tão artificiais
que determinaram nossos verdadeiros indícios de vitalidades: o livre arbítrio de
determinarmos como lidarmos com nossas dores e delas nos refazermos melhores,
da maneira peculiar a cada um, ou se optarmos ficarmos e vivermos inertes
imersos a dores ou vícios e mentiras que sejam livres. Falo da liberdade,
daquilo que nos caracteriza como em condições humana.
Solomon afirma “Que os depressivos tenham uma visão mais precisa do
mundo a sua volta é discutível (...) Um deprimido pode ter uma capacidade de
julgamento melhor do que uma pessoa saudável (...) os deprimidos fornecem uma
avaliação precisa (...) Freud observou que tem “um olho mais agudo para a verdade
que os não melancólicos”. Porém o pai da psicanálise diferencia: “(...) Os
depressivos vem o mundo claramente demais, perderam a vantagem seletiva da
cegueira (...) a depressão grave é um profundo muito mais severo (...) a maior
parte da dor psicológica no mundo é desnecessária”.(p.380), mas para sabermos
qual é dispensável cabe a cada um que a vive e é preciso a conhece-la e desse
conhecimento conviver e ser mais complexo e completamente humilde.
A pessoa humilde se alegra em contemplar as mais singelas belezas que
esse corre-corre nos priva de vivenciar. Assim com esse clamor de encontramos
conosco humilde que nos atrela a nossa missão aqui é que termino apontando
tantos pensamentos evoluídos que perceberam a necessidade de nos rendermos ao imponderável
que é Deus, Quem venceu sua filha a morte. E a depressão é mero sinal dela para
revivermos e nascermos mais completos por sermos semelhança Dele.
“Pessoas que atravessam uma depressão e estão estabilizados
frequentemente têm uma aguda consciência da alegria da existência cotidiana.
Mostram-se capazes de uma espécie de estase imediato e de uma intensa
apreciação por tudo imediato e de uma intensa apreciação por tudo que é bom em
suas vidas (...) a psiquiatra Julia Kristeva descobriu uma profunda função
psicológica para a depressão “ a tristeza que nos esmaga, o retardamento que
nos paralisa são também um escudo – as vezes o último – contra a loucura. “
Talvez seja mais fácil dizer que dependemos mais de nossos sofrimentos do que sabemos que olharão par anos como criaturas
escravizadas e aleijadas por descontroladas emoções” (p.382)
A psiquiatra continua “A depressão no seu pior estágio significa a
solidão mais pavorosa, e dela aprendi o valor da intimidade (...) a depressão é
solitária acima de tudo. Mas pode gerar o oposto da solidão. Eu amo mias e sou
mais amado devido a minha solidão” (p.383)
Esse amor conquistado e renovador tanto da alteridade como do altruísmo
traz uma consciência de nossa missão nesse mundo: amar e ser amado. “Não que a
depressão seja indomável, mas as pessoas que a sofrem podem se tornar
admiráveis por causa dela (...) O maior conhecimento do sofrimento se torna a
base para uma completa apreciação da alegria: ele intensifica a própria alegria”
(p.385)
“A depressão não só apenas ensina muito sobre a alegria, mas também
oblitera a alegria. É um mau fruto do conhecimento (...) trilhamos um caminho
solitário, sobreviventes de um conhecimento empobrecedor, inestimável, vamos em
frente e coragem e sabedoria excessivas, porém determinados a encontrar o que é
belo. Foi Dostoievsky quem disse “entanto a beleza salvará o mundo” (...) Para Heidgger
“a angustia era a origem do pensamento; Schelling a considerava a essência da
liberdade humana Kristeva “ devo uma suprema e metafísica lucidez à minha
depressão (...) Refinamento no sofrimento ou no luto são a marca de uma
humanidade que certamente não é triunfante, mas sutil, pronta a lutar e
criativa” (p.385-6)
O autor contribui “O fato de ter atravessado uma doença tão catastrófica
mudou permanentemente a minha paisagem interior (...) Carência cria intimidade”.
(p.388)
(...) Claudio Weaver “tem um estado de Ânimo tão baixo tempera a seu
caráter: Acho que lido com perdas em meu caminho melhor do que a maioria das
pessoas porque tenho tantas experienciais com os sentimentos que vem de tais
perdas (...)
Laura Anderson “ A depressão me deu bondade e capacidade de perdoar
(...) depois de passar por ela, adquire-se uma compreensão maior e mais
imediata da ausência temporária da capacidade de julgamento que faz as pessoas
se comportarem mal – aprende-se até mesmo, a tolerar o mal no mundo (p.388-9)
Shopenhauer, afirma que " O homem sente [contente] quanto mais é obtuso e
insensível. O oposto da depressão não felicidade, mas a vitalidade, e a minha
vida (...) é vital quando triste. (p.390)
Andrew
Solomon: O
demônio do meio-dia: Uma anatomia da depressão”, Rio de Janeiro,2002.
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