A MORTE DO FUTURO E PÓS MODERNIDADE: O TEMPO EM QUE ATÉ O AMOR É ARMA DO INDIVIDUALISMO ABSTRATO.
"Para mudar
o mundo, os jovens precisam trocar
o mundo virtual pelo real" - Zygmunt Bauman
o mundo virtual pelo real" - Zygmunt Bauman
Mesmo
que não seja um dos afins a leitura da revista época, como as diversas mídias
nacionais, tanto pelo funil ideológico delas, como também pela suas
mediocridades, que de alguma forma, transparece nelas e, especial, do que
parecem querer-nos formar.
No
entanto, basculhando os lixos do facebook, encontrei e recortei alguns detalhes
da fala de Zygmunt Bauman, onde o editor de cultura da Época, Luís Antônio Giron,
com seu funil bitolado, interpola o pensador, este que é “considerado um dos
pensadores mais eminentes do declínio da civilização, fala sobre como a
vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20 anos”.
Comecei
com a última pergunta do editor, a qual considero inofensiva e, um tanto, caro
editor, desculpe-me, frágil. Ele Pergunta: Seus livros
parecem pessimistas, talvez porque abram demais os olhos dos leitores. O senhor
é pessimista? Ou busca a alegria de alguma forma, apesar de todos os problemas?
A qual Bauman diz: A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas acredito que essa classificação binária de atitudes não é exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria. De outra forma, não veria sentido em falar e escrever...
A qual Bauman diz: A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas acredito que essa classificação binária de atitudes não é exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria. De outra forma, não veria sentido em falar e escrever...
Aqui,
respeito à autoridade que o pensador é referendado, porém, esperança é algo que
podemos pouco ver no panorama atual e, quando se refere ao declínio da dita
civilização, sobretudo, se recortamos os indicadores de declínio das
civilizações. Teço aqui, dentro até dos comentários da própria autoridade
citada, que, necessariamente a esperança não sobreviverá aos fatos.
Quando
foi indagado sobre “que as elites adotaram uma atitude
de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade(...)
Zygmunt infere que as elites renunciaram às ambições passadas, de empreender uma missão iluminadora da cultura. A elite deixou de ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo. Assim, diante de uma sociedade que é dirigida ao seu auto aniquilamento, em movimento adestrado pela elite que só “devora tudo” como esperar esperançoso que possamos mergulhar em algo mais precipitante que o fim?
Zygmunt infere que as elites renunciaram às ambições passadas, de empreender uma missão iluminadora da cultura. A elite deixou de ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo. Assim, diante de uma sociedade que é dirigida ao seu auto aniquilamento, em movimento adestrado pela elite que só “devora tudo” como esperar esperançoso que possamos mergulhar em algo mais precipitante que o fim?
Especialmente,
quando necessariamente, o editor o indaga quanto aos movimentos reivindicatórios
e os seus protagonistas como agentes de mudanças alternativas, o próprio autor
cita que estamos ainda tateando quanto a síntese a ser produzido por esses movimentos. Como o senhor vê a nova onda de protestos na
Europa, no Oriente Médio, nos Estados Unidos e na América Latina, que aumentou
nos últimos anos? Bauman, responde: Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto Comunista hoje, teriam de
substituir a célebre frase inicial – “Um espectro ronda a Europa – o espectro
do comunismo” – pela seguinte: “Um espectro ronda o planeta – o espectro da
indignação”. Esse novo espectro comprova a novidade de nossa situação em
relação ao ano de 1848, quando Marx e Engels publicaram o Manifesto. Faltam-nos
precedentes históricos para aprender com os protestos de massa e seguir
adiante. Ainda estamos tateando no escuro.
Lembro-me que a primeira vez que usei a
palavra indignação em uma entrevista fui prontamente pautado pela repórter. A indignação se não salva a humanidade de sua
civilidade para poucos, destrói a todos revolta de tanta exclusão e
miserabilidade. Pois, se muitos já vivem nas favelas e comunidades do Brasil,
porque apenas os favelados e comunitários tem que morrer? Não cultuo apologicamente
a violência, mas como viver sem ela se a mesma é semeada a cada passo que
damos?
Voltemos
às indagações infantis do safo editor, - a mais profana indagação-,
responsabilizando os filhos pelos pecados dos pais, quero dizer, autuando os
jovens pela civilização caótica e vil semeado pelos nossos governantes e
aplaudida pela elite, a única que goza com a desgraça de seu povo: Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo
para alterar a história?
Nessa o esperançoso Bauman, parece-me ingênuo, Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
Nessa o esperançoso Bauman, parece-me ingênuo, Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
Lamento,
pois, pelo Bauman, que creio esteja referindo-se apenas aos jovens de classes
abastadas que vão as ruas do meu Brasil questionar mais universidades e espaços
para seus shows. Todavia, não só de pão vive o homem ou de alienação sobrevive
uma nação. Pois, trabalho apenas enriquece mais quase nunca desenvolve uma
sociedade. Imaginemos se não mais crescêssemos e sim desenvolvêssemos,
provavelmente trabalharíamos menos, estudaríamos mais. Como também, viveríamos muito
mais a base do amor e não dos individualismos, que os jovens são levados a
pregar nas ruas e acabam sendo agraciados por cassetetes. Essa é a maior revolução
que precisamos e não, sou esperançoso, pois não chegaremos a canto algum sem
humildade do amor enquanto única forma para a prosperidade vingar e desenvolver.
Os jovens sem humildade e amor, como são – lamentavelmente - criados, nada mais
são que bucha de canhão para morrerem sem lenço e sem documento, ou em guerras
civis veladas ou de vícios mil.
Enfim,
concordo com Edgar Morin, o filósofo francês, que argumenta que estamos vivendo
o fim do futuro. Para Morin, a sociedade percebeu a ambivalência da ciência, da
razão, da técnica e da economia e perdeu a crença nestes enquanto guias da
humanidade: "A crise do futuro, a crise do progresso. A perda do futuro é
muito grave porque, quando se perde a esperança no futuro surge uma sensação de
angústia e de neurose”. Talvez, eu esteja sim neurótico por um amor como
forma de vida e humildade como meio de relacionamento.
E, enfim, com um humilde amor que provocam minha
indignação, citando o início da entrevista da Época ao Zygmunt Bauman, Perdemos a fé em nós mesmos?, a qual ele responde: Vivemos o fim do futuro. Durante toda a era moderna, nossos ancestrais
agiram e viveram voltados para a direção do futuro. Eles avaliaram a virtude de
suas realizações pela crescente (genuína ou suposta) proximidade de uma linha
final, o modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava
o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro. Fomos repelidos pelos
atalhos do dia de hoje. Estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes
quanto ao que virá.
E como me compete apenas provocar, cito por
fim, que em algo hoje concordo com o autor, vivemos sem percepção ou
possibilidade de futuro. A sociedade nega-se a sobreviver. Essa é a máxima
estampada em tantas formas de auto negar-se e mata-se.
Cada
vez mais pessoas vivem negando-se ao que foi-nos doado divinamente, trocando de
aparência como se tudo fosse doença, muda-se desde o cabelo a pele. Nunca se
foi tão difundida variedades imensa de formas de entorpecer-se e viver
artificialmente. E, necessariamente nunca se foi tão apático o amor a si,
imagine ao próximo, nunca o ser humano esteve tão longe de si mesmo. Cresce,
além do desrespeito ao corpo, à alma que tudo é medicável, às relações sociais,
esta que são mediadas a drogas e o distanciamento virtual e, enfim, nunca se esteve
tão fora de moda a vida espiritual, essa usurpada pela vida religiosa , mística
e cética.
Todas sem racionalidade ou crítica. Não só o
futuro não existe, é mesmo, o fim está às portas.
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