É CLARO QUE FREUD QUERIA QUE SE QUEBRE O SILÊNCIO: Onde nasce a solidão!


Freud  provocou que quebremos  o silêncio para sermos mais completos, mesmo que na última postagem eu apenas o acusava de desconhecer o verdadeiro amor libertário cristão.
Mas isso não é virtude apenas do psicanalista, nossa sociedade atual se sustenta sobre tantas outras inverdades e negar uma crença no espiritual para sermos mais completos e ela prefere mentir a si mesmo nas religiões e, inclusive se utiliza da psicanálise para seus engodos. Coitado do pai da psicanálise, se ele pretendia contribuir para liberdade subjetiva dos indivíduos, porém não creio nisto se ele desconhecia o verdadeiro amor.
Deixemos que o autor-morto cuide dele mesmo. Então voltemos as considerações de  Nina Saroldi, 2011, quando cita o mesmo Freud ao admitir que os “neuróticos e povos primitivos têm em comum a prática de externalisar seus conflitos e temores internos.”  (p. 40). O dilema para o dia de hoje é como se externalisa nossas desagregações.
Quanto a elas, o psicanalista “observa que o fenômeno do pânico aparece somente quando há desagregação do grupo (...) a dissolução dos laços entre as pessoas é que gera o medo. O pânico aparece, portanto, como uma ação ao enfraquecimento da ligação grupal. A palavra pânico abrange, então, ao menos três sentidos: o medo coletivo. O medo individual (quando se apresenta excessivo); a irrupção de medo de maneira não justificável pelas circunstâncias” ( p. 47-8).
Esses medos do desamparo do não pertencimento é o eterno comprometimento que creio basear a culpa inconsciente, que assim, longe da consciência desejamos que continue. Todavia quanto mais o indivíduo desconhece sua maior razão de sofrimento mais comprometedora se torna a interpretação da liberdade. Facilmente ela é sentida como libertinagem, por assim dizer, ao passo que não nos permitirmos conhecer e facilmente nos consumirmos ao ponto de nos vendermos em pseudo relações, quase todas autodestruidoras. E pior é que nem as percebemos por serem inconscientes.
Em um posicionamento enigmático para os não iniciados  Freud diz “O fundamental é que o mito do parricídio resolve o enigma do sentimento onipresente de culpa” ( p. 44). Mas aqui tento alentar aos que desconhecem um pouco do pensamento freudiano.
A culpa é necessariamente de cunho ou, que se relaciona com o inconsciente, de alguma maneira advém de nossa necessidade de negar tudo nos ensinaram, ou seja, a sabedoria  dos nossos pais ou quem atue no lugar destes cedo ou tarde é negado. E sofremos por quebrarmos por nossas (supostas) e próprias desilusões; ou quando sabemos que se aceitássemos as orientações deles não necessariamente não sofreríamos.
Lacan contribui para entendermos tal relação com nossos primeiros agentes socializadores. Elisabete Siqueira, em seu O efeito de gozo de um significante do outro, escrito na revista da Escola Brasileira de Psicanálise Secção Pernambuco ( em formação), Letra Clínica, 2010, ela diz “o sujeito nasce nú (...) mas principalmente de significante do Outro (...) Do lado do sujeito está a falta. O sujeito é sua falta-a-ser. O Outro quem nomeia, quem diz do sujeito, e o diz de modo oracular, absoluto (...) restando ao sujeito diante do Outro seja a submissão (...) segundo Lacan, confere ao outro real sua obscura autoridade (p.67-68).
Então, sendo o pai ou quem detém essa autoridade, um exemplo de atuação do Grande Outro. E da intervenção dele na relação mãe e filho, nasce o amor, pois a razão de existência do personagem paterna que descobrimos nossa liberdade. Logo mais trarei explicações quanto esse, nosso, segundo nascimento, se é que não seja o real corte simbiótico que realmente faz-nos entrar na vida.
Em suma, precisamos dispensarmos da culpa de matar nosso pai, metaforicamente, ou seja, darmos nossos passos nos caminhos que cada um de nos decidirmos e se queremos se algo em vida temos que dar. É preciso dizer que somos constituídos da fusão deles ( genitores), desenvolvidos em contextos sociais, por certo tempo determinantes. Mas sempre é possível influir nos contextos e (res)significá-los e podermos contruir nesse mundo um pouco do que cremos ser nosso gosto, nosso próprio mundo.
Portanto, reconstruí-nos dia a dia e, a cada momento e assim sabermos que sempre estar passível de melhorar. É dar uma contínua nova chance a cada um de nós. Mas esses são contextos e não se fazem nós conosco e, sim entre nós e os demais. Digo, vencendo o nosso limite de relação social e prosseguir para o real desenvolvimento, o espiritual.
Quero dizer que é necessário que nos limitemos a buscar o que nos faz de verdadeiros, ou seja, dependente de tudo que fez o criador do universo. É claro que creio que aprender a depender um dos outros ( na dinâmica social) é apenas um ensaio para percebermos que nada nos trará contentamento se não conseguirmos perceber o perfeito da simplicidade na relação com o tudo que no universo foi-nos dado ( relação espiritual).
A simplicidade é o que pode salvar a nossa relação com mundo. Creio que a simplicidade que nos ensinou o Cristo não foi em vão. Lacan, é citado pela última autora que parafraseei anteriormente e findo com a pontuação dela quanto o mestre que (re)significou o pensamento freudiano, “a despeito do amor, o sujeito é companheiro de sua solidão”.
Creio que nada melhor que a solidão para que humildemente sejamos mais sinceros e nos amarmos com as coisas mais simples, onde a beleza nutre a ação espiritual ao valorizarmos na falta que nada no mundo alimenta paz, apenas o transcendente pode saciar.





Comentários

Postagens mais visitadas