PORQUE NÃO VOTO EM RELIGIOSOS


Poderia dizer que é porque basicamente não sou religioso, sou cristão. Mas é necessariamente porque não sou afeito a violência, intolerância ou qualquer forma de poder desigual expresso em hierarquia alienante e não voltada para a conservação e produção da paz.
Em suma, tudo que apregoa a negação do amor. Sim, o meu Cristo proibiu a Pedro o uso da arma. E é claro que condena  as Cruzadas. Pois a vida pertence a ele e a morte  ele subordinada.
Judas era um Iscariotes, ou seja participante de uma seita ou dissidência  judaica que criam em acesso ao poder através da revolta contra os romanos, ele não foi estimulados pelo meu Cristo.
Os fariseus e saduceus apregoavam apedrejamento a pecadoras adulteras mas me parece que não aos adúlteros, não sei, porém o meu Cristo apregoou amor a pecadora e não ao seu pecado  vais e não peques mais, e disse que ao Pai compete o julgar.
E melhor, condenou toda a forma de ganhos financeiros com as coisas sagradas. Expulsou os cambistas do templo.
Parece que meu caro Freud desconhecia essas verdades. Não é de espantar, pois me parece fruto de um seio judiado. E esse possível desconhecimento pode justificar  tal pensamento, que a autora  O mal-estar na civilização: As obrigações do Desejo na Contemporaneidade: Nina Saroldi  no  capítulo O mal-estar na civilização e seus arredores ela cita o psicanalista:

Freud resume as ideias religiosas (...) civilização cristã: o mundo foi criado por um pai sumamente justo e benevolente, embora não seja possível perceber tal benevolência por meios de seus atos; a vida serve a um propósito maior e a morte é uma passagem para etapa superior da evolução. A formação da religião é uma defesa contra o desamparo infantil que  o homem adulto não de deixa de perceber em si, em seus sentimento de vulnerabilidade diante do caráter errático da vida. Assim como sentiu em criança, é necessário um pai para tornar a adulta viável. (p.67)

 O pai da psicanálise esquece que o amor é a maior dádiva que Deus expressa em nos tolerar em pequinês de virtude. Esquece que ao trazer o seu Filho para provar que o homem pode nele se mirar como meio para ser pleno nesta vida com a busca do simples exercício deste amor. E por falta de prática desta virtude é que nos coloca como carentes e desamparados.
Talvez se o Freud fosse vivo ele não mais afirmaria que a solução para a civilização fosse apenas a cultura:
Para Freud, a cultura teria muito a ganhar se abandonasse a crença em Deus como grande legislador da vida humana e reconhecesse a origem demasiado humana de todos os regulamentos da civilização (...) talvez o fardo da civilização se tornasse mais leve ( p.71) Freud observa que existe um meio de modificar a leis de modo pacífico: a transformação cultural dos meios da comunidade (p. 76)
Sobretudo, creio que ele não esqueceria que foi perseguido por arianos  e teve suas obras queimadas em praças públicas. Em especial porque a tolerância que hoje é apregoada é uma falácia de aceitação, pois não se pratica com ela o amor.
A força do amor como fonte de felicidade tem como avesso o radical desamparo, a vulnerabilidade que experimentamos em relação ao objeto amado, a dependência do outro que tanto nos faz sofrer em sua ausência. (p.90)
Ele continua errando em perceber parte da verdade. Pois o amor divino não é escravocrata e sim libertário. Parece que Freud sabe disso, mas porque ele aciona o homem livre a partir da dependência?
(...) conclui Freud, os meios mais interessantes quando se objeta escapar do sofrimento são os intoxicantes, na medida em que, por um lado, provocam sensações agradáveis e, por outro, nos tornam insensíveis à dor. (...)
É meu caro mentor, base em psicologia, ninguém, apenas Deus, é completamente perfeito. Mas em termos o Freud é feliz quando assume que
Mas a técnica mais poderosa no sentido de evitar a dor reside na sublimação  das pulsões, verdadeira  rasteira na ameaça de frustração oriunda do mundo exterior. Só se consegue esse feito graças à plasticidade própria do aparelho psíquico, Arranca-se o máximo de suas possibilidades ao intensificar a produção de prazer a partir das fontes de trabalho psíquico e intelectual (...) a sublimação não convulsiona o corpo ( a carne) E além disso, não se trata de algo que esteja ao alcance de todos; ao contrário, apenas um número restrito de pessoas, dotadas de uma especial constituição, pode fazer uso desse recurso psíquico (p.88-9) A sublimação é um sinal evidente do desenvolvimento cultural. (...) a cultura é constituída sobe a renuncia as pulsões ( p. 97)
Parece-me que quanto a religião, o meu mestre psicanalista parece apenas expressar sua frustração quanto ao seu genitor. Pois ele não sabe que:
(...) Nenhum caminho é infalível e livre de frustrações. Tudo depende do quanto de satisfação se consegue obter no mundo ao redor, quanto força se dispõe  para modifica-lo, de modo a fazê-lo se enquadrar nos nosso desejos. (p.90)
E nossos desejos nos cega fundamentalmente. E a maior expressão do poder. Do desejo do homem de ser e sentir Deus, ele é o maior exemplo de Pai. Em suma, todos mesmo que inconscientes somos parricidas, queremos sempre destronar o poder paterno e realizar todos nossos desejos incansavelmente.
É por isso que nos cristão não podemos comungar do poder que ai está em questão quanto à política. A cerne da questão encontra-se o poder deste mundo, o capital como meio de escravizar corpos,  vida e almas.

O poder que ai está, sempre é promotor e alavanca desigualdades, onde não vejo uma flecha de amor. Portanto, não voto em quem se diz cristão e político. Pois são religiosos que remontam as cruzadas que supostamente matavam em nome de um deus, menor é claro: o poder, hoje expresso melhor pelo dinheiro.

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