FERNANDO NORONHA: Cuba a moda brasileira?
Uma colega afirmou que existe uma
peculiaridade entre as ilhas de Fernando de Noronha e a de Cuba, especificamente no tocante do (in)acesso dos
nativos das formas de lazer, cultura e até o patrimônio natural das ilhas.
Como conheço pouca de ambas,
sobretudo a cubana tenho que ser cauteloso, porém, como bom simpático da ideia
de distribuição mais humanamente igualitária das riquezas, acho que aqui em
Noronha os ilhéus sofrem as mais deploráveis formas de violências psicológicas
(psico-sócio-econômica), pois penso que em
Cuba podem sofrer sim, mas creio
que eles por não serem estimulados a ilusão de que um dia podem viver como os
turistas,devem padecer menos que os ilhéus pernambucanos.
Ilhéus, como são chamados os
nativos do arquipélago do qual é povoada apenas um deles, em Noronha, onde além
de ser sinalizados que adolescentes e jovens sintomatizam seus padecimentos em
envolvimento de uso de etílicos, inclusive, em horários escolares como foi
indicado, se verdade ou não é tão corrente aqui na capital. Porém no caso dos
noronhenses, pode se crer que eles, comportam-se condicionados a verem por
todos os lados turistas saciando suas cedes a HAINIKEN e andando ostentando
suas liberdades econômicas.
Sabemos que certamente, podemos
sugerir que este ambiente é sintomático, reflexo de uma necessidade de
sobreviver, ao menos submergindo ao complexo mundo que também é alimentado por
uma ideologia consumista periódica. Assim, suponho até que exista uma moratória
da rede educacional aos adolescentes estimulados por álcool, pois penso como
poderia conter tanta libido pulsional que não liberando relativamente o uso de
álcool, todavia o caro Freud, chamaria pulsão de morte, presente no
comportamento Bordelaine de cada adolescente, limítrofe perdido em um jogo
perene de vida e morte.
E parece que os adolescentes
ilhéus têm um maior dificultador, aquele que facilmente eles podem ter pouco
acesso a renda atuando como guias dos turistas ganhando por dia cerca de 200
reais em uma manhã e talvez por isso podem vir a fragilidade de projetar futuro
mais independente dessa facilidade que podem também os viciar a um ciclo que me
lembra daquela da exploração do trabalho infantojuvenil. Porém tenho
pouquíssima demanda para afirmar isso, apenas especulo.
Todavia sei existe uma maior
prisão no interior de cada um, como que Noronha representou para os prisioneiros
daquela ilha em épocas de ditadura militar, como o saudoso Miguel Arraes. E
essa prisão é a da alma, como tão bem cunhou pelo Foucault.
E é essa prisão que creio que
muitos dos ilhéus sofrem, como alguns chamam os sintomas dos que não suportam
estarem ali presos, seja pela condição peculiar de trabalhar para conter o
maior contágio dos ilhéus com a morte ou eles
próprios condenados a servir aos turistas de maneira pouco sadio. E assim
muitos “neuronham”, sofrem por se sentirem ilhados, aprisionados ou condenados
ao ciclo desolador.
Pode ser um discurso melancólico,
porém não creio, pois em uma semana em que estive na ilha deu para contar os
poucos ilhéus que encontrei disfrutando das benesses existentes na ilha, isso
pode contribuir, nessa minha percepção, de que algo podemos pensar para melhorar
a vida também dos ilhéus a luz de melhorar a reflexo do ofertado aos turistas.
Talvez a ausência destes ilhéus mesmo
ali nascidos sem poderem desfrutar do seu próprio habitat e quando são
conclamados as ofertas de intervenções ofertados pelos serviços governamentais eles parecem se colocar ociosos , ou até autonegligentes.
Mas quando os poucos expressam suas percepções, facilmente percebe-se que eles
parecem ser estimulados a não participação, não necessariamente por falta de
estímulos dos funcionários do estado naquele solo, mas pelo fato de
descontinuidade das poucas (mas creio que básicas pelas necessidades peculiares
a realidade da ilha) políticas públicas ali encontradas.
Digo pouco no sentido de as
comparar as iniciativas voltadas aos turistas.
Isso é passível de ser observadas na dilapidação do Palácio onde é sede
de parte do poder público ali estalado, pior será perceber que pouco se pode
ter feito para melhorar a acessibilidade para os cidadãos o que impede a
muitos, sobretudo idosos, pessoas com deficiências e demais com limites de locomoção para
transitar e ampliar o belo da natureza ali encontrada com suas vivências e
visões de mundo colidindo com tantas culturas que ali aportam.
Mas nada mais danoso que pouco
incentivo ao patrimônio humano expresso no cultural daquela população praieira.
Como também, diante do fato que as instituições (religiosas de cunho judaico
cristã) que em tese, podem falar em amor ao próximo lamentavelmente parecem que
contribuem para a discriminação das expressões culturais dos ilhéus, pois estes
têm traços de expressões da cultura afrodescendentes.
Também, podemos pensar em
refletir junto ao poder público ali representado para que seja, quanto antes,
apresentado plano de médio a longo prazo de mecanismos de favorecer a proteção
ambiental, pois é imperativo que seja extinto o consumo de energia poluente
fóssil. No arquipélago a fauna, flora,
mar e demais belezas são violados com a queima de óleo diesel na eletricidade e
no deslocamento de veículos e aviões, necessários, porém não respeitosos as
riquezas naturais ali presentes.
Em suma, pode-se iniciar em
valorizar o potencial humano ali plantado por Deus em cada um ser vivente. Isso
está impregnado na cultura e modo de cada ilhéu interagir com a natureza. Mas
também no favorecimento da visão de humanização que eles deflagram em cada
acolhimento dos proprietários de pousadas domésticas. Como também, o grande
esforço dos funcionários do estado ali implantado que se desdobram para
garantir um mínimo para a população comum.
Então, fica aqui a proposta
reflexiva a administração da bela Fernando de Noronha de meus eternos sonhos,
os quais tentarei expressar em outros textos sobre o encanto daquele ambiente
paradisíaco que tantos sonham viver e abandonar a dura selva de pedras das
grandes cidades.
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