Ode ao Amor em Noronha: O Nascer de um novo Sol Enluarada ou do amor através do (re)nascer de dois em um só corpo e alma.



O sol, eu cria em minha solidão, que sempre esteve distante da lua, como se um ao outro não completassem, mas eles não sabiam que necessariamente assim deveras seriam faltantes, caso nunca entendessem que seus íntimos e infindos abismos eram o que os feriam em seus interiores sútil e verdadeiramente, chegando a deixá-los perdidos e tão sós, foi assim se encantando no surgir de mais um dia, que para  eles perdura na eternidade de seu querer, para nós que descobrimos o fim da nosso distante enclausuramento, pouco menos que quatro décadas se desfazendo ao brilho de cada raio solar inundando as nossas almas, fundindo-as em uma só vital vida.
Eu também andei assim, ferido tanto que meu interior já ressuscitara diversas vezes apenas por medo de não me perder definitivamente. Sinceramente, algo em mim latentemente esperava você, pois sabia que em alguma ilha paradisíaca se concretizaria lá definitivamente a fusão do sol em sua lua enluarado em um bailar de encanto celestial.
Foi ao ressuscitar do sol e o despedir do luar que nós iludimos o destino em vermos o amor destes astros em fração de segundo a brindar e cortejar o nascer do dia e morrer de outro, em suma, amaram-se tão intenso, singelo e categoricamente que não fazemos nada mais que seguir seu belo exemplo: curtir cada momento, transformar cada segundo em eterno contentamento.
Contentando-se com toda a simplicidade de se realizarem no amar, daquele perene e belo segundo,  quando um agracia a pele do outro em único e singelo toque. Mas isso não é o mais belo. E sim, o gozo se espalhando por toda a natureza ao sol erguendo-se e a lua descendo suave desejo renovado a cada amanhecer, deixando tudo intenso em um lento e belo iluminar. Não é o ressuscitar do amor é a eternidade dele, propagando com todo fulgor. A lua não conseguia a noite só iluminar solitária e fria, mas ao funde-se no mar em se entregar  ao seu amante solar, transforma a relva em broto, a flor em aroma, o bom dia em beijo, o frio em abraço, o tremer em amar e os quase quarenta anos em eternos reconquistar.
Mas o mar não foi apenas leito rei (King) testemunho apenas do amar dos astros celestiais. Pois em solo também se concretizava e se encontravam quase quatro décadas testemunhas da preparação para sabermos se entregar ao real amar, meu amor se eternizando em você.
Ela, o fruto potiguar em seu calor escondido no tímido sorriso e profundo olhar. Uma beleza peculiar que apesar da penumbra, como o mundo dos humanos, querendo omitir tremenda estética, todavia, não me interessava pelo exterior e sim para alma que é denotado a cada gesto dela no seu sonho de criança, do seu pulsar adolescente inocente, desnudando a mulher inteira e tão completa, que verbos devem fazer nascer novos neologismos para poder contemplar o que ela simplesmente é.
Um misterioso encanto de mulher que a penumbra não a venceu em sua escuridão. Mas a alma tão evidente que quem a ama a conhece desde o primeiro olhar.  Que a sua sinceridade ajuda a amar mesmo no seu possível errar. Porém, o ambiente a ermo queria rivalizar, pois o amor entre o astro rei e o satélite natural terráqueo também estava a invejar, não sabemos se se inspira ou se realiza na forma dela praticar o sentimento divinal: todo universo conspirou para o amor dela não se concretizar.
Mas ela imponente parece que teatralizou com todos os homens que a ela amou, mas ela não se contaminou, apenas se reservou e apenas ensaiou, pois tal prática, o amor é expressão do seu DNA e ela não poderia se contaminar em interpretar o que estar a acontecer.  É minimante do que Deus semeou em seu coração, o amor dele brotou naquela fotossíntese do alvorecer.
O melhor exemplo dessa amante é sua adoração ao Divino percebida em seu olhar, o farol de sua alma denunciando que  foi feita para nunca deixar de ser alvo de um frenético alegrar,  pois sabe ela que seu olhar expressa a paz adolescente dentro dessa mulher; mas também seu lúdico gargalhar além de ser a criança brincante, dilapida qualquer dúvida que possam ter quanto a leveza que é repleto em seu viver. Todavia, ao sorrir em olhar se faz uma dança sensualizada deixando tantos homens delirantes, porém apenas a mim, como divino fui consagrado para desse favo de gozo deleitar e se eternizar.
Eu como todo divino, estive a quase quarenta anos desenganado, carente pensava que meu traçado já estava fadado a solidão. Ressuscitei desde a miragem dela em minha contemplação. Pobre de mim vivia por ai, apenas tão perdido assim, que como uma folha seca era tragado pela brisa sem fim e, eu de “homem feito” me assustei com tremendo querer tão arrebatador que pensei meramente sonhar, pensei me beliscar mas ela apenas me tocou tão singelamente que entendi a eternidade divinizando-se.
 E conheci assim o amor,  mesmo que pesado em mente de ver o fim, o sonho querendo atormenta-se, mas não sonhava apenas vivi desde então. Suavemente ela me tocou e em seus olhos me mostrou a segurança de seu amor, quando seu sorriso me beijou o sonho em doce concretude se realizou, a natureza parou: o amor nos arrebatou, as almas que a tanto vagara enfim em uma se formou, um nascimento de amor que a cerca de quarenta anos se pronunciou.
Todo o temor se dissipou e apenas a certeza desse amor, que nos atou e no mar toda a dor se suicidou. Incerteza em força se detonou e não mais vivemos, amamo-nos desde então.
Agraciado fico tão ameninado que o brilho de um nascimento de dois serem lindos em um, não poderia expressar a maior utopia que se realizou com a mulher, enfim somos abençoados por Deus, o melhor de viver ao amar, não é deixar, portanto, de sobreviver e, sim se divinizar em realizar a maior dádiva sacrossanta: realizar o virtuoso desejo de sermos apenas um único ser no mais perfeito ato biopsicossocioespiritual - amar!
Reza a lenda que Zeus transformou em pedras os dois ciclopes que habitavam na Ilha em perfeito incesto bacanal, ficando apenas suas respectivas provas de louvação. Nós, recebemos a responsabilidade de continuar suas fascinações e libações, não mais pagã ou pura dionisíaca ejaculação e, sim a mais perfeita ágape louvação a vida que foi-nos garantida para a eternização.
Então, hoje como eu agora vivo, fez-me Deus abençoado com uma vivência biopsicossocioespiritual através do amor em Noronha, porém diferentemente da punição de Zeus fui glorificado no prazer de viver; diferente da petrificação nossa vida foi liberta das quase quarenta anos de ostracismos da solidão e agora, sendo uma vida, não duas somos mais lindamente fortes e belos, pois agora somos completamente alma e espírito quando efetivamos de diversas maneiras de vencer as leis da química e  da física, expressos, mais evidentemente, no encontro dos nossos corpos.

Enfim, venha realizar sua versão de prazer de viver através do amor e construir seu resgate sociohistóricoafetivo e por isso, transcendental, em Noronha, lugar onde o paraíso não se perdeu mas que cada indivíduo pode se completar para a eternidade ao se permitirem ao encontro humilde de apenas ser incompleto sozinho.





 Versos para expandir a proposta das fotos do autor

Eu um pássaro sem canto de amor
Cria caminhar apenas degraus da solidão
Encontrou-se em nascer de uma eternidade
Sua perfeita completude...

Ao nascer feriu  no horizonte todo nosso sofrer
E sangrando o céu com grande pranto de amor
De dois alados agora somos uma alma amante.

E navegamos em suaves mas quentes águas vertidas de nossos olhos
E podemos assim contemplar em nossos corpos os propósitos de nosso amor
Glorificar um divino eternal sentimento pronunciado antes de nascermos que somos feitos
Um em o outro misteriosamente galardão do amar.



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