Cuidar de quem cuida do autista: Escutar.
Ao escutar uma criança já se perguntou qual linguagem que
ela usa? Por exemplo, diante de um chocolate ela pede, esperneia ou é agressiva
pelo bombom, você já buscou entender o porquê de cada um desses comportamentos,
ou o que a levou a tal desejo? Se ela não pode ou ainda não é a momento para
tal refeição, será preciso buscar saber se a criança entende o porque não pode
comer naquele momento? Será que ela pode adiar tal prazer?
E, não menos importante,
como e podemos realmente satisfazer o filho, ou pe importante a frustração? qual a importância desse prazer para a criança e como
tudo isso nos afeta, sobretudo, diante da necessidade de negar a ela tal
sentimento? Como nos sentíamos diante da nossa própria frustração?
São necessárias tais indagações, pois
diante dos nossos filhos, nós temos um péssimo hábito de esquecermos de quando fomos
filhos, ao estarmos diante dos nossos.Eu creio que quem nem filho foi não virá a ser adulto, muito
menos, pai ou mãe. E, mesmo se for genitor terá sérias dificuldades para
efetivar o papel de preparar o filho parta a vida. Nesse processo,
possivelmente, atuará enfadonha e sofridamente chegando ao pior: levar o filho a
sérios vícios sociofamiliares que serão respingados em sociedade, quase sempre
destruindo o que conseguimos construir em nossa cultura.
Perguntar a alguém sobre seu desejo é algo
difícil em uma sociedade de quem não se sabe o que se é. E o que dizer de estar
diante de um
filho de expressão comportamental atípica ou incomum, como aquele do senso comum
chama de autista. Com este temos uma maravilhosa oportunidade de ver alguém que foi pouco, ou quase
nunca,mau influenciado com nossos vícios de querer levar vantagens em tudo
devido a sua vital forma de interagir atipicamente e não alienado as nossas
regras quase sempre limitadoras da liberdade.
Assim, senhores e senhoras genitores destes
filhos, vocês
têm oportunidades de buscar
entender não só os seus filhos, como também, serem levados aos seus mundos,
aqueles menos compromissados com nossos dilemas, desamores e amarguras e cheios de beleza na simplicidade da suas
vidas, como caminho para vocês se tornarem pais e mães.
Como também, diante dos vivências dos seus filhos, deixemos de os rotular de
autistas, pois são apenas filhos, temos que talvez os entender pelo prisma não meramente
do espectro, mas sobretudo a partir comportamentos dos que se ferem ou os
podem ferir ao próximo e, desse comportamento os reeducar.
Os comportamentos são formas de expressão.
Comunicação em todos os sentidos. Concretos carecendo que as pessoas
significativas ao filho apreendam, codifiquem e façam surgir prazer para toda a
família.
Claro,
inicialmente, e creio que nem sempre, com
psicofármacos devem ser vistos alguns dos comportamentos. Mas não por este
comportamento ser encontrados nos manuais de patologias e, sim por que são meios dos filhos dizer que algo estar
necessitando, em alguns casos, ser evitados, como a da dor e do sofrimento e em
outros é fonte de alívio e paz, por mais distinto seja a expressão do comum.
Isso tudo nos leva a perceber, em suma, que
precisamos os conhecer e sermos humildes quando não os entender. Essa postura
de apreender a aprender é indispensável para podermos doar-nos a alguém sem
invadir sua subjetividade, sua psique, sociabilidade e espiritualidade. Para
depois os ouvir, não mecanicamente como a sonoridade rotulada e carregada de
inverdades, mas as dos sons não dissociadasde afetos e verdades que fluem do
coração, da alma e do espírito. Assim, portanto, podemos os entender.
Ninguém ama tanto que não precise mais amar e aprender
sobre como amar, todavia, tem horas que é necessário
um afastamento empático, aquele que garanta o outro respirar de corpo e alma,
para ser apenas você mesmo. Deixar o outro ser até onde consegue estar sendo,
pois não somos, sempre estamos, ou seja, a vida é processo evolutivo.
Assim, o filho beneficiado com o espectro,
pode-nos levar ao seu mundo, pegando-nos em suas mãos e caminhando com os seus
pés, ditando o ritmo e o caminho. E ao vivenciar com ele esse ambiente,
podemos perceber nas falas inaudíveis e corpóreas como elas são carregadas de
afetos e que não mudas de amor, como alguns creem, pois, eles são expressão
sentimentos contidos por não reverberar e ser percebido e partilhado e isso é
necessário para trazê-los a este mundo também, a essa forma de interação e
ampliar.
E
se ele assim permitir se efetivará a
interação compartilhado com o filho, pelo filho e para o mundo,porque onde acharmos mais cômodo ao nosso suposto desejo de ajudá-lo, é feito deixando eles mesmos serem
produtos dos seus desejos, como acharem mais adequado.
Eu falei "se" ele permitir. Isto
dá nas nossas contradições um elo maior e ricamente complexo. Isto entra na
segunda inclinação que quero pensar convosco.
Precisamos nos permitir a entender a
necessidade de nos ver em nossas mais intimas fraquezas com franquezas. Esta
quase sempre nos remete aos nossos dias de filhos e como se deu a nossa
infância e as contradições surgidas a partir da puberdade, onde quase nascem
nossas culpas advindas dos parricídios de cada dia. É necessário voltar às
essas demandas, e se conhecer a partir de nos mesmo e, necessariamente do que negamos,
e as jogamos nas masmorras do inconsciente.
Se nós nos permitir se encontrarmos, veremos que o foi
parar no inconsciente não nos orgulhamos e cremos que não é nosso, creia são
frutos nossos, mas carentes de ressignificação e lapidação.São, todavia, como as
drogas que nos deu prazer e deleite mas alguém disse
ser feio e entojamo-nos e, como tudo que é nesse contexto repudiamos.
Mas são estas batalhas internas que nos
faz humilde e mais coerente conosco e com nossos demônios que só lidaremos
efetivamente com eles os conhecendo e convivendo com os mesmos, os subordinaremos e não eles a nós.
Todavia, os negando, eles nos assaltam a
surdina em escorregadio ardil nos humilha por sermos o que sabemos que não somos
apenas na sociedade mentem para nós e, nos ofendemos quando não entendemos
nossos filhos falarem ou mostrarem que somos frágeis, não só os que são diagnosticados como autistas, mas principalmente
aqueles que conosco aprenderam tão bem usar nossos
vícios.
Aqui abro a conclusão desta primeira parte
do cuidado com o cuidador, que na realidade precisa
se ver necessitado e permite-se cuidar. O melhor cuidador é aquele que sabe que
necessita de ajuda no ato de amar, e se inicia amando quando escuta, ver,
sente-se primeiro e não fugindo de si. Caso
contrário, continuaremos ensinando aos nossos filhos nossos medos e covardias.
Como eles evoluirá?Teus pais fizeram esta
mesma indagação e por esta e outras tens dores e medos, quais que tens
referente aos teus pais?
Bem, entretanto, não quero que saiam
pensando que culpo os pais pelos supostos sofrimentos dos filhos, mas saibam
que seus filhos são mais resilientes que vocês especulam, não tenham medo deles
descobrirem seus limites, portanto, não ensine os seus a eles. Eles são atados
a vocês, mas são autônomos, não sejamos incongruentes a pensar contrário a
isso.
Conheça a verdade e ela vos libertará, algum
cristão diria isso. Eu digo, sejam vocês mesmos e obterão paz, dele nascerá o
verbo por excelência, o amor e este libertarão a todos que o circunda.
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