PARA CADA NARCÍSICO UM PERVERSO?

 Estranhamente encontra-se em cada um de nós três chips. Que  no nosso interior subjetivo, sempre um deles, manipula ou domina os demais, e nós ingênuos, crentes que os administramos chegamos a os ignorar, mas em suas forças convergentes e aos desejos e potencias inconscientes, que historicamente sempre ensejamos esquecer, nos rege.

Um destes chips, geralmente, que pode ser citado como o universal ou ao menos predominante, não nega os demais, porém os adequa para deles se retroalimenta e é origem da maioria das formações de personalidade. Não que este seja o mais inteligente emocional dos três. Na realidade é o mais elementar, freudianamente, falamos de nossas porções neuróticas, aquelas que buscando satisfação, como quais é a força  hegemônica a maiores de nós, nos regendo como deus por meros desejos, todavia, nos humilhando com migalhas.

Refere-se aqui, aos hegemônicos dominantes nas maiorias das personalidades. Estes acometem os sonhadores e destes alimentam suas utópicas decisões existenciais. E mesmo que o real se mostre insustentável em seu,  socialmente, modo de viver dolorido segue doendo, quase sempre. Dores de origens basilares, quais quase sempre resistimos a sua existência, inconscientes, portanto, não as abandonamos. Mesmo que destes conteúdos, sempre temos vergonha, até que eles nos assustam, pois eles são base de heranças dos que tendemos a querer denegar a todo preço por ser a nossa fotocópia comportamental e, por sorte mudamos.

Predominantemente, são expressões das sinapses codificadas geneticamente e basicamente reforçadas no sociofamiliar. Mesmo que tentamos inversamente agir, assim seremos duplamente escravo de tais determinantes advindo sobretudo dos nossos pais ou das faltas destes.  Mas esta é uma possibilidade, hipótese, portanto, sociocultural onde se alimenta qualquer neurótico. Afinal se estudarmos em nós tais conteúdos podemos dele erguer o melhor a vir a estar sendo. 

Outro, chip, expressão menos cômico, provavelmente trágico ou trágico-cômico, dependendo do conteúdo existencial, suas demandas quase transcendentais são chamadas psicóticas, aquelas que não resistindo vivenciar o existir no real, optam,inconscientemente, pelo delírio ou ao menos a alucinação para fugar, ou sobreviver à realidade. Não necessariamente fuga, pois a mente deles elaboram, se é que existe, um mundo paralelo. E é sim uma solução do Imaginária, para lidar com o Real através de construção do Simbólico que os acolham os dar suporte ante as trágicas visões que lhes acometem no real.

O terceiro, talvez, o mais trágico-cômico  dos três, como vivem aqueles que pensam nunca poderem transformar a solidão em solitude. Mesmo que na realidade essa face criativa 'solitudinal', a estes  serve como armadilha para ratificar seu vazio solitário e, supostamente, patentear uma alta suficiência. Trata-se dos perversos, ainda pensando, ou ao menos especulando Freud, estes são tão ocos que servem de mostra grátis para o estremo da perda do prumo de si em si  através de violência gratuita aos moldes sádico.

Eles se creem superiores, todavia, esta pretensa superioridade, fazem-lhes desesperar e perde-se em si, não necessariamente aos moldes de narcísico e, sim ególatra. Parece-me doer de modo que só o elo sádico-masoquista pode chegar perto de uma definição. Sim, pois diferente do narcísico que sabe ser belamente perfeito, pode apenas morrer nesta certeza. Enquanto o ególatra, sabe no fundo não ser belo e, inventa mentiras para si mesmo quanto a se sentir perfeito e nem se percebe morto.

 Em próximas postagens tento distinguir estas duas estruturas de conteúdos, supostamente, perversas que determina moldes de viver como os narcisistas e os ególatras.

Então, o Perverso sabe de sua fragilidade e por isso revolta-se agressivamente e projeta aos outros e, doendo negligencia mentirosamente, parte para  violar os outros, a fim de que eles também dividam com ele sua dor. E crer que não sente, ou é incapaz.

Enfim, chegamos a uma distinção entre as personalidades com maior inclinação para o narcísico e os ególatras. Creio que o primeiro crer-se plena e completamente em si. Enquanto o segundo, no fundo se sabe de suas falhas, mas diferente ao primeiro,  aquele consciente de sua falta, assume mentiras para viver como o primeiro fosse auto suficiente, mas que não evolui de suas faltas, o ególatra as mente, tão bem que faz isso primeiro a si.

O primeiro morre em si em vida labutando de suas dores para ser melhor. O segundo morre dependente da sua mentira  nos outros.

Enfim, o primeiro parece perto do traço perverso autosuficiente e o segundo das neuroses possíveis de defender as fragilidades destes últimos, não as encara. Enquanto o primeiro, em seu traço de acordo com o grau de alienação pode ser engolido pelo seu ego perverso de auto suficiente; o segundo, teme ser tragado e apenas omite duplamente em si e na mentira para os demais.

Por fim, salientar que cada destes três iniciais perfis ou traços de personalidade não é genuíno em ninguém. Existe em cada nós, em cada contexto ou afetação emocional, a predominância de cada uma destas possibilidades, nascidas em cada processo maturacional e temos as três bases em nosso DNA, com um predominando.

Qual será seu traço dominante?

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