PARA QUE SE NASCE: DISCURSO DE VETO À SOCIOESCRAVOCONSUMOCRACIA


Parece que a principal vítima visceral do escravismo são os consumistas compulsivos, ou seja, todos ocidentais, um menos outros mais. Penso que todos assim alienados interagem com seu id (base do princípio do prazer hedônico) de maneira dogmática. Quero dizer que essa sociedade que nos limita ao ter em detrimento do ser nos escraviza, tão perversamente que hoje é comum surgir pessoas invisíveis.Melhor conhecemos o “camelô”, o “flanelinha” ou o “noiado” (...), ou o médico, o advogado, o engenheiro. Mas não é o ser, nesse sentido que me refiro, pois esses papéis atrelam-se a renda.
Refiro-me ao ser afetivo, o sentimento construído junto ao próximo, com esse em interação dialética e permanente. O único meio de cura de todos os males desestabilizantes da vida, a interação empática com alteridade. Colocando-se no lugar do outro valorizando-o com a si mesmo, pois necessariamente, vive-se restritamente dependente do outro.
A partir desta concepção como se viver feliz se não precisa ir à África para se ver miserabilidade estrutural. Viver gradeado por seu medo? Morrer aos poucos em seus vícios fugindo em sua covardia? Convulsionar em compras perenes para compensar sua falta subjetiva?  Demandar a políticos apáticos, ou defensores de seus íntimos desejos insanos?
Não é preciso ir muito longe de uma volta no teu quarteirão, e acordes para a vida, estais com essa vida para cegares ao teu meio?
Ou ainda pior, condenar os “noiados” por serem corajosos em assumir sua pulsão de morte? E não possibilitamos a eles outras formas de significações de sua falta fundante, do seu vazio sacrificante, que o alimenta mais ainda o consumismo. Pergunte-se como podemos refletir. Não seria, suponho, melhor distribuição de renda, para ao menos eles não precisarem usar meios ilícitos violentos, contra si e contra nós, para tenta suprir suas dores mais intimas, se é que eles conseguem perceber isso (usos de psicoativos) como mal em que estão enquadrados.
Ou dizes que a medíocre e fraca redistribuição de renda da política pública do Governo, é o “ócio do povo”. Sim ela é mal estruturante e desafiadoramente incongruente, mas mesmo assim é necessária, mesmo que possa ratificar a miserabilidade. Mas pode ser melhorada, e o que temos proposto para que isso se efetive?
Ou condena-se a infrutífera condenação as maternidades juvenis, ou pensas como os mais céticos contra o aborto. Mesmo que a maioria dos que a praticam são adolescentes imaturos e assustados, e como bons discípulos do consumismo querem apenas o prazer, e achamos donos da verdade a vetá-los esse prazer, ou fuga. O que estamos contribuindo para a educação e orientação dessas pessoas, e possibilidade deles construir outros valores?
Será melhor esperar que eles se consumam, voltaram a renascer nossa omissão nos filhos e netos destes. Imaginemos quantas virtuoses se perdem e quantos prazeres mútuos perderemos ainda.
Como dormir sem preocupações e sensações de apenas nascer, sobreviver cegamente e morrer, essa tua realidade que queres negar é tua missão latente por tua parcela de revolução de iniciativa e provocações.


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