LIBERDADE ADVINDA DO TEMIDO INCONSCIENTE



Talvez a maior expressão de dor seja não poder expressá-la. Essa falta mutila de tal forma que se pesa a culpa imensurável de não saber a origem do mal, se é que ele existe, ou apenas ele pode ter sido a nos apresentado como um ‘bicho papão’, porém não sendo mais que uma mentira social, para nos adequar ao convívio. Ou seja, uma busca de convívio a partir de um quadro do susto. Por outro lado, nos é apresentado, ou imposto, a fim que seja mantido um ambiente propositivo a felicidade alheia, a do nosso Grande Outro, o nosso referencial de sociabilidade, quase sempre um, quase nunca ambos   genitores.  Porém quanto maior necessidade de prazer, ela é proporcional falta certa da felicidade, o que pode denunciar a necessidade de tal imposição por parte dos nossos referenciais.
Muito se tem certeza de que nada fará viver satisfatoriamente, basicamente pelo fato de que nem nascermos e já estamos prontos para a morte. Ao respirarmos pela primeira vez a próxima se dá pela falta de algo antes homestático, equilibrado, seguro e bom. Então tudo é falta, na realidade algo foi esquecido ou tão ferido que causa trauma ao ponto que o inconsciente torna-se o único recôncavo seguro.  Parece que se precisa assim viver também. Sempre buscando saciar não se sabe exatamente o que, viver inconsciente, pode ser uma resposta, e pode ser uma doce alienação. Mas se bom fosse ser inconsciente, resquícios dele não acessaria o consciente ou ficaria latente no pré-consciente.
O inconsciente parece ser um estranho amigo, protege-nos das dores e deixa vazão para alegrias, geralmente ao saciar alguma falta. Mas sabe ele possivelmente que o prazer verdadeiro é saber a origem das dores. E isso também é uma dádiva, se não maldição é terrível, aos que não conseguem se ver ao espelho sem se negar. O pior, o reflexo não é o que se ver, é o que se sente e isso não tem solução com meios artificiais. A única trilha sinuosa é a precária informação que vamos adquirindo ao longo da vida sobre o que não somos e o disto o que não queremos evidenciar.
Sem essa cruz não se efetiva liberdade, ao menos ela (a cruz) é o caminho da descoberta de que somos realmente constituídos. E essa verdade é que pode causar a dura face do inconsciente. Pois possivelmente nela será dialeticamente  revisto o que se negou na máscara misteriosa do inconsciente e o que estamos sendo. Por fim, sempre, se aceitarmos, estaremos em constante processo. E se dinâmico, nunca prontos. É como se efetivasse a ‘adultocência’, um adulto adolescente. Mas não coerente com sua ‘evolução’ a transpor a civilização.
Viver com nossa verdadeira face a qual um dia foi necessária ser negada é um salutar  reencontro com o medo, sofrimento ou vazio que antes eram maiores que cada um de os que agora pode não mais ser onipotentes. Viver com e sem o medo de estarmos pequenos e imaturos. Pode ser uma revanche de nossa própria subjetividade.
Agora, assim não somos tão frágeis como antes, se ainda somos, podemos adiar ainda mais nosso gozo mais completo com face sem subterfúgios. Porém podemos adiar e não sermos mais completos, percebendo a incompletude.
A vida pode ser ainda mais intensa se não precisarmos das mentiras que nos ensinaram e das dores alheias. Um poeta dizia “aprendi o certo com a pessoa errada”*. Eu digo aprendi o errado com os erros alheios. Não quero meus erros, muito menos os alheios. Quero ser um ser mais integro comigo e com e não para o s outros, pois assim poderei contribuir para que outras pessoas façam o melhor para si. Mas para tanto é necessário que percebamos que as dores nem sempre são nossas. Muitas das vezes os sofrimentos são apreendidos de maneira a nos paralisar e não podermos inovar e somos eternos feridas afetados com tudo e todos.
Direcionar nosso desejo necessariamente se faz preciso. Todavia esse processo é basicamente fundado na maior verdade que possamos alcançar. Ela possivelmente não comece no outro, ou em você ou no mundo, estará em tudo isso e bmuito mais que podemos alcançar.
Porém, não chegaremos a lugar nenhum sem nos conhecermos seremos os meros medianos ou os inferiores se não degustamos de informações e conhecimentos que não sejam cooptadas.
Um grande funil seletivo determina nossas alienações e se fugimos disso ainda assim podemos ser determinados por outros princípios mais sofisticados como as grandes instituições totais que nos determinam as regras e o jogo e o vencedores que quase sempre não nos somos mesmos.
Podemos apenas sermos livres se uma boa dose de ceticismo nos salvar. E que a crítica nos determine uma postura, não de desconfiar de tudo e de todos, mas na realidade de duvidar se as pessoas que discursam estão aptas e conscientes do que falam ou são meros marionetes de discursos prontos e enlatados.
Dito isso, afirmo que são poucos que dominam o poder da informação e da verdade para a distorcer e manipulá-la para seus interesses. Mas esses poucos dominam o desejo do mundo.
Então até quando não encontraras tua verdadeira virtude para determinar seu próprio desejo e seu próprio destino?
E por que será que nos querem iguais e pensando iguais podemos sermos apenas tribos, ou grupos de religiosos, classes sociais mas nunca etnias, pessoas, indivíduos, subjetividades e desejos.



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