O QUE É SER ADULTO


 

Estive sendo provocado a se perguntar sobre o conceito da palavra adulto. Supostamente uma pessoa adulta é aquela que sabe lidar com sua realidade e dela tirar proveitos socialmente satisfatoriamente tanto para si como para os seus. Amadurecido para a vida, em suma. Mas o que é essa vida social, quem a determinou como lócus para abrigar pessoas amadurecidas?

Parece-me que a sociedade é sim sanguinariamente excludente. A criança já é empurrada a um ambiente hostil, não só porque lhe é preparado tudo a todos os que nascem e, sim porque é imposto de goela a dentro em um movimento violento naturalizado, tanto que os inaptos a acatar essa imposição ‘social’ além de excluído é também rotulado como inimigo e possivelmente morre precocemente, ou demais,  somos educados a sermos agressivos aos diferentes, um desejo coletivo de sermos máquinas.

Quando adolescentes, são os que mais são assassinados. As adolescentes as que mais são violadas. Aqueles ou são os treinados agressores que a sociedade necessita, aquelas as usadas (Agredidas) que a sociedade impõe também como necessário. Basta ver que elas agora além de serem iniciadas precocemente sexualmente, têm-nas  aumentado o assédio moral e baseando em irônico comentário de um jurista, qual afirma a inexistência do assédio moral, todos são sexuais, a antiga e garantida relação de poder entre os gêneros.

Pelo lado dos infanticídios que acometem milhares de adolescentes e jovens veremos que são praticados quase sempre por outros da mesma geração, ora ordenados por adultos a margem da lei, ou até por quem deveria se utilizar da lei para garantir a paz, os agentes Estatais.

Enfim, em um caso ou outro, ambos grupos respondem com suas vidas imaturas e morrem precocemente talvez por não estarem apto pela seleção natural da sociedade ‘civilizada’.

Partamos para um grupo seleto, exemplificando. A classe média alta e parte da rica que produzem filhos médicos, só para brincar com um exemplo irônico. Mas essa realidade necessariamente pouco varia em outras profissões. Uso aqui esta grupo porque foram alvo historicamente do nosso imaginário de profissionais substancialmente indispensáveis e de ética inquebrantável.

Para tanto, peço que esqueçamos por um instante as questões sociopolíticas e pensemos apenas na ética de alguns destes profissionais, sobretudo os que foram contra a precipitada e precoce ação do governo brasileiro que chamou-se “mais médico”.

Bem os conselhos médicos foram em geral contra tal ato do governo. Como se eles não tivessem necessitando de incremento numérico para dar resposta mais satisfatória à população. E ainda, como se eles não foram historicamente omissos em não denunciar que realidade se encontra tanto estrutural como técnico. Sobretudo porque, por ser usuário do Sistema único de Saúde desde que nasci, afirmo que apenas tive um médico, na realidade médica, que me examinou verdadeiramente, digo  que ao menos que além de me escutar a minha sintomatologia, observou-me com certo cuidado, privacidade e respeito. E eu ainda não era um profissional da saúde. Hoje, nem sendo um psicólogo e pagando um plano de saúde, recebo o trato que recebi por ela.

Bem, paro para não parecer uma frustração entre profissões. Exponho-me. Mas exemplifiquei que certos profissionais que estão amadurecidos em uma das cadeiras acadêmicas ainda não se percebem como devedores a sociedade o melhor trato e dignidade. Afirmo isso, com esse anterior exemplo, minha decepção com a nossos cidadãos que culpam o Estado e em especial o grupo da saúde, porque ninguém melhor que um profissional da saúde para ser supostamente sensível a vida.

Mas não se espante caro leitor, nossos profissionais quando acadêmicos bailam em suas experiências científicas com modelos mortos, ou seja, nossa medicina é formada em seus laboratórios com cadáveres, então como cuidar de vivos.

Bem, amadurecimento não se consegue com formação acadêmica essa é a segunda verdade. Pois a primeira é que a sociedade em sua matriz, a família está alimentando aquele infanticídio citado anteriormente. Isto porque as famílias agora não têm orientadores próximos para acompanhar seus filhos. Eles estão jogados a se auto educarem e formarem.

Ai o Estado coloca a responsabilidade aos educadores. Estes mal assalariados quase sempre estão sendo formado por aqueles profissionais que parecem frustrados por não terem tido êxito em outras áreas e, vivem resmungando suas feridas de baixa renda, como se não soubessem disso antes de entrar na rede de ensino. Por outro lado, convida-os para uma greve e verás a  sua maioria nas praias curando suas sarnas.

Alias, todos as profissões reclamam que receberem pouco. Mas quando recebem um extra, um décimo terceiro, férias  ou se escravizam em dois ou três empregos estoparam o extra em compras desnecessárias ou em outras drogas. Tudo como canalizando suas imaturidades.

Enfim, a terceira verdade, o educador é aquele imaturo frustrado com a mazela da sua falta de melhor auto percepção.

Enfim consigo vislumbrar um molde para o adulto. É um daquele ser que sobreviveram as imposições familiares e disso tirou proveito de maneira a não se deixar contaminar com as diversas drogas da vida já apresentadas desde os lares. Descobriu que sua profissão não é necessariamente menos importante pelo salário que venha angariar e sim a satisfação intrapessoal que o trabalho tiver. E nesse sentido sobreviva a essa selva, de diversas armadilhas desde a formação, se for menos acadêmica melhor para sobreviver nesse período, porém no mercado de trabalho a guerra é desleal para esse, mais é ampliada quanto maior for  a necessidade de graduação, pois os interesses aqui são mais canalhas.

E se este ser sobreviver a diversas tentações e encontrar em sua estrada uma boa companhia para dividir as frustrações provocadas por cada cidadão dessa sociedade imaturamente hipócrita e mentirosa, poderá formar um novo seio familiar que tem grande chance de vir a ser reprodutora do ciclo perverso da imaturidade, caso o casal não forem críticos e amantes dos prazeres conscientes.

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